
O presidente Lula não poupou palavras ao falar sobre o que considera um dos maiores entraves para o crescimento do Brasil atualmente. Em evento no Palácio do Planalto, ele disparou: "A gente tem um problema sério, muito sério mesmo, com essa taxa de juros que continua lá no alto".
Não é a primeira vez que ele toca nesse vespeiro, mas a intensidade da crítica surpreendeu. "É impressionante como insistem em manter uma política que só beneficia banqueiros", disparou, com aquela cara de poucos amigos que conhecemos bem.
O peso no bolso do brasileiro
Lula foi direto ao ponto ao explicar como os juros altos afetam o cidadão comum. "O trabalhador que quer comprar um carro, uma casa, o pequeno empresário tentando expandir seu negócio... todos estão sendo prejudicados". A fala ecoa preocupações que muitos brasileiros compartilham no dia a dia.
E ele tem números para embasar a crítica: com a Selic em 10,5% ao ano, o Brasil continua tendo uma das maiores taxas de juros reais do mundo. "Não faz o menor sentido", resmungou, balançando a cabeça.
Um debate que esquenta
O que mais chama atenção é o timing dessa fala. O mercado financeiro anda especulando sobre possíveis novos cortes na taxa básica, mas o Banco Central tem sido cauteloso - talvez cauteloso demais, na visão do Planalto.
"Tem gente que acha que controlar inflação é só apertar o cerco nos juros", comentou Lula, com certo desdém. "Precisamos olhar para outros fatores, como aumentar a produção e o consumo".
Não é simplesmente uma discussão técnica - está virando quase uma batalha ideológica. De um lado, o governo pressionando por crédito mais barato para aquecer a economia. Do outro, o BC preocupado com as projeções inflacionárias.
E agora, José?
O que esperar dos próximos meses? Difícil dizer. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne regularmente, mas a sensação é de que haverá mais atritos antes de qualquer consenso.
Lula deixou claro que não vai baixar a bola. "Vou continuar batendo nessa tecla porque é importante para o país", afirmou, com aquela determinação que já conhecemos de outros embates.
Enquanto isso, o brasileiro fica no meio do fogo cruzado, torcendo para que alguém - governo ou BC - acerte a mão na dosagem do remédio econômico. Porque no final das contas, são as pessoas reais que sentem no bolso o peso dessa discussão.