
Imagine só: prédios ainda mais altos na já verticalizada Faria Lima, em São Paulo. Pois é, essa possibilidade está prestes a virar realidade — e não sem controvérsias.
Nesta terça-feira (19/08), acontece um daqueles leilões que fazem urbanistas torcerem o nariz. O motivo? Investidores poderão comprar o direito de construir além do que as normas urbanísticas normalmente permitem. Sim, você leu certo: um "passe livre" para ultrapassar limites — e tudo dentro da lei (ou melhor, de uma lei específica criada para isso).
Como funciona essa maluquice?
O mecanismo é engenhoso — alguns diriam "criativo", outros "questionável". Através do chamado Certificado de Potencial Adicional Construtivo (Cepac), empresas adquirem o direito de construir além da metragem quadrada permitida. Quem paga mais, constrói mais. Fácil assim.
- Área de atuação: região da Faria Lima e arredores
- Expectativa de arrecadação: R$ 1,2 bilhão (isso mesmo, bilhão com "B")
- Número de lotes: 12 áreas disputadas a tapa
E olha que interessante — ou preocupante, dependendo do seu ponto de vista: parte dessa grana toda deveria ir para melhorias urbanas na região. Mas entre o deveria e o vai efetivamente acontecer... bem, você conhece como funcionam essas coisas.
E os moradores? Ah, esses...
Pois é. Enquanto investidores esfregam as mãos de antecipação, moradores da região estão com aquela pulga atrás da orelha. "Mais prédios altos significa mais sombra, mais trânsito, mais pressão na infraestrutura", reclama um morador que preferiu não se identificar — afinal, ninguém quer arrumar confusão com os donos do pedaço.
Mas nem tudo são espinhos. Defensores do projeto argumentam que a iniciativa pode oxigenar o mercado imobiliário e trazer novos negócios para a região. "É uma forma inteligente de gerar recursos para a cidade", diz um especialista, enquanto ajusta o nó da gravata.
Seja como for, uma coisa é certa: a paisagem da Faria Lima está prestes a ganhar novos contornos — e dessa vez, literalmente para cima.