
Imagine depender de uma única visita médica semanal para salvar vidas? Essa é a realidade brutal que cerca a aldeia Kuruáya, no município de Itaituba, sudoeste do Pará. Uma situação que beira o desumano – e que felizmente encontrou um paredão de resistência no Ministério Público Federal.
O MPF, numa atitude firme e necessária, moveu uma ação civil pública exigindo a construção imediata de um posto de saúde na Terra Indígena Kuruáya. A justificativa? Elementar, caro leitor: o atual modelo, com deslocamentos esporádicos de equipes, simplesmente falha em garantir o básico.
Um Descaso que Basta
Não se trata de um mero capricho. A comunidade, composta por cerca de 120 pessoas, enfrenta um verdadeiro deserto de cuidados médicos. A tal visita semanal – quando acontece – é uma gota d'água num oceano de necessidades. Emergências? Esquece. Doenças crônicas? Uma loteria perigosa.
O procurador da República, um sujeito que claramente não baixa a cabeça para injustiça, foi categórico. Ele apontou que essa negligência fere não uma, mas várias leis. A Constituição, que garante saúde universal, parece uma piada de mau gosto para esses brasileiros. O Estatuto do Índio? Viola. Até normas sanitárias básicas são ignoradas.
O Que Está Em Jogo
- Vidas em espera: Crianças, idosos, gestantes... todos vulneráveis pela falta de assistência contínua.
- Direitos esquecidos: O acesso à saúde é um direito fundamental, não um favor do estado.
- Promessas vazias: A União e a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) foram cobradas judicialmente porque a boa vontade política, aparentemente, secou.
O pedido do MPF não é um simples recado. É uma ordem judicial para que a União e a Sesai parem de enrolação e construam a unidade de saúde de forma urgente. E mais: que elaborem um plano de atendimento permanente, com medicamentos, profissionais e tudo o que um serviço de verdade precisa ter.
O juiz da 2ª Vaga Federal de Itaituba agora tem a faca e o queijo na mão. A decisão dele pode significar a virada de página para uma história de descaso, ou mais um capítulo triste de abandono. A comunidade Kuruáya, é claro, torce – e merece – pela primeira opção. O Brasil, que se diz um país de todos, precisa provar que isso não é apenas uma frase bonita.