
O que começa como brincadeira pode terminar em cadeia — ou pelo menos em uma condenação judicial histórica. Foi exatamente isso que aconteceu com duas influenciadoras digitais que transformaram o ócio em ofensa, a diversão em discriminação.
O caso, que vem repercutindo nas redes sociais desde o ano passado, finalmente chegou a uma conclusão judicial. A 5ª Vara Cível de São Paulo condenou as duas mulheres a pagarem R$ 30 mil em danos morais para uma família que sofreu ataques racistas dentro de um condomínio de luxo na zona sul da capital paulista.
O episódio que chocou
Imagine a cena: crianças brincando tranquilamente — como toda criança deveria ter direito — quando são interrompidas por adultas que, em vez de proteção, oferecem humilhação. As influenciadoras, que mantinham um perfil com milhares de seguidores, foram filmadas fazendo comentários racistas e depreciativos contra as crianças negras.
O pior de tudo? Elas riam. Achavam graça. Transformaram o preconceito em entretenimento, como se a dor alheia fosse espetáculo.
A decisão da justiça
A juíza Fernanda Ortiz Camacho não teve dúvidas ao caracterizar a conduta como "violação grave à dignidade da família". Na sentença — dura, necessária e pedagógica — a magistrada destacou que não se pode tolerar "brincadeiras" que perpetuam estereótipos racistas e causam traumas profundos.
O valor da indenização, aliás, não é alto por acaso. A justiça considerou o poder aquisitivo das condenadas e o impacto que a quantia teria como forma de reparação e, claro, de exemplo.
Um precedente importante
O caso vai além dos R$ 30 mil. Muito além. Estabelece que racismo disfarçado de recreação não será tolerado — nem no mundo real, nem no digital. As influenciadoras terão que arcar com as custas processuais e honorários advocatícios também.
E tem mais: a decisão sai em um momento crucial, onde debates sobre discriminação racial ganham cada vez mais espaço — mas onde a prática do "racismo recreativo" ainda insiste em sobreviver como se fosse normalidade.
Não é. Nunca foi.
O impacto nas redes sociais
Curioso — ou talvez previsível — como o caso explodiu nas plataformas digitais. De um lado, centenas de usuários celebrando a decisão judicial como uma vitória contra a cultura do ódio disfarçado. De outro, aqueles que ainda insistem em defender o indefensável.
As próprias influenciadoras, é bom lembrar, tentaram se justificar argumentando que era "apenas uma brincadeira". A justiça — e a sociedade — rejeitaram categoricamente essa defesa fraca e perigosa.
Racismo não é brincadeira. Nunca foi. E agora, graças a decisões como esta, hopefully deixará de ser tratado como tal.