
A gente até espera encontrar preconceito por aí, mas vindo de uma autoridade que deveria proteger? É de cortar o coração. No Distrito Federal, uma conselheira tutelar está no centro de uma tempestade — e não é à toa. Tudo começou com um atendimento que mais pareceu um interrogatório medieval do que acolhimento.
Acontece que uma adolescente, numa situação de vulnerabilidade, buscou ajuda. Mas em vez de apoio, esbarrou numa barreira de julgamento e pura intolerância. A conselheira, ao descobrir que a jovem é lésbica e não segue nenhuma religião, simplesmente pirou. Disse que "lésbica e ateia é coisa do demônio". Sério mesmo? Em pleno 2025?
E não parou por aí. A profissional, que deveria ser um porto seguro, partiu para a coerção. Tentou forçar a garota a "aceitar Jesus", transformando o conselho tutelar num púlpito improvisado. Um verdadeiro abuso de autoridade, que deixou a adolescente — que já estava fragilizada — ainda mais arrasada. Revitimização pura, na cara dura.
O que diz a lei?
O caso foi parar na delegacia, graças a um boletim de ocorrência registrado pela mãe da jovem. Agora, a Polícia Civil do DF investiga o acontecido. Se configurado, isso aí é crime de discriminação, previsto no artigo 20 da Lei do Racismo — que, aliás, também cobre homofobia e intolerância religiosa. Pode dar uma canseira danada para a conselheira.
E olha, o Conselho Tutelar da região já se mexeu. Abriu um processo administrativo interno para apurar a conduta da profissional. Eles confirmaram que a tal conselheira já foi afastada das funções que exigem contato direto com o público. Um alívio, mas que deveria ser só o começo.
Não é o primeiro vez
O pior de tudo? Essa não é a primeira denúncia contra a mesma conselheira. Já rolavam rumores sobre comportamentos inadequados, mas nada tão explícito. Isso levanta uma questão enorme: até que ponto a formação desses profissionais — que lidam com vidas tão frágeis — inclui respeito à diversidade?
O caso escancara uma ferida social profunda. Mostra como preconceitos arraigados podem se infiltrar até nas instituições que juraram proteger. A adolescente, que precisava de amparo, saiu do atendimento sentindo-se julgada, violentada e sem voz. Uma falha catastrófica do sistema.
Enquanto a investigação corre, fica o alerta: cargos públicos não são palanque para pregação pessoal. Muito menos para disseminar ódio. A sociedade espera — e exige — que aqueles em posição de poder protejam todos, sem exceção. Independentemente de quem amam ou em que acreditam.