95% dos jovens brasileiros ainda sonham com casa própria, revela pesquisa
Jovens brasileiros sonham com casa própria, diz estudo

Um estudo acadêmico brasileiro trouxe um dado revelador sobre os sonhos de habitação no país: a esmagadora maioria dos jovens ainda almeja a conquista do imóvel próprio. A pesquisa, conduzida no Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUC do Paraná, indica que esse desejo permanece forte, especialmente entre as gerações mais novas, desafiando algumas narrativas contemporâneas sobre mudanças de comportamento.

O sonho da casa própria persiste entre os jovens

O levantamento, publicado no renomado International Journal of Urban and Regional Research, constatou que 95% dos jovens brasileiros entrevistados mantêm o sonho de ter um imóvel próprio. O trabalho, intitulado “A ilusão da flexibilidade: aspirações de moradia entre gerações no mercado formal do Brasil”, vai além e detalha como a preferência pelo tipo de moradia varia drasticamente conforme a faixa etária.

Entre os representantes da Geração Z, um impressionante 75% manifestou o desejo de viver em uma casa. Na Geração Y (também conhecida como Millennials), esse percentual é de 58,1%. Os números mostram uma clara inclinação das gerações mais jovens pela moradia em casas, possivelmente associada a ideais de espaço, privacidade e conexão com um terreno.

A preferência por apartamentos aumenta com a idade

O cenário muda completamente quando se observa as gerações mais velhas. O estudo revela que apenas 38% dos Boomers (nascidos após a Segunda Guerra até meados dos anos 60) e 38,2% da Geração X compartilham do sonho de morar em uma casa. Na verdade, a tendência se inverte de forma marcante entre os mais velhos.

46,8% dos indivíduos da geração Boomer declararam preferir morar em apartamentos. Essa mudança de preferência pode estar relacionada a fatores práticos da vida, como a conveniência da localização urbana, a redução da necessidade de espaço após a saída dos filhos, a praticidade de não ter que cuidar de um jardim ou áreas externas, e a busca por mais segurança e serviços condominiais.

O que os dados revelam sobre o mercado e a sociedade?

A pesquisa, divulgada em 28 de dezembro de 2025, oferece um retrato valioso para o mercado imobiliário, para formuladores de políticas públicas de habitação e para a compreensão das aspirações sociais no Brasil. A persistência do sonho da casa própria entre os jovens, mesmo em um contexto econômico desafiador, sinaliza uma demanda latente e potente.

No entanto, o estudo também levanta questões importantes. O abismo entre o desejo expresso (95%) e a realidade de acesso ao mercado formal, especialmente para os mais jovens, é um ponto crítico. A preferência geracional por casas versus apartamentos aponta para necessidades diferentes de infraestrutura urbana e de produtos oferecidos pelo setor da construção civil.

Os resultados reforçam que, apesar das transformações sociais e do discurso sobre a "economia do compartilhamento" ou a valorização da mobilidade, a casa própria permanece um pilar central do projeto de vida para a maioria dos brasileiros jovens. O desafio, agora, é entender como conciliar esse sonho com a realidade econômica e criar caminhos viáveis para sua realização.