PIX vira campo de batalha entre Trump e Bolsonaro: quem é o verdadeiro 'pai' do sistema?
PIX vira disputa entre Trump e Bolsonaro

Não é todo dia que um sistema de pagamentos vira peça de xadrez geopolítico. Mas o PIX — aquela maravilha que aposentou os TEDs e DOCs da vida — está no centro de uma polêmica que mistura ego, tecnologia e uma pitada de disputa internacional.

De um lado, Jair Bolsonaro, que durante seu mandato abraçou o PIX como se fosse criação de seu governo. Do outro, Donald Trump, que recentemente soltou a frase bombástica: "Fui eu quem deu a ideia pro PIX brasileiro". E agora? Quem segura esse rojão?

O xis da questão

Em entrevista recente, o ex-presidente americano afirmou ter sugerido o sistema durante encontro com Bolsonaro em 2020. "Ele me perguntou sobre pagamentos digitais, eu expliquei como funciona nos EUA, e semanas depois surgiu o PIX", disparou Trump, com aquela cara de quem tá com a faca e o queijo na mão.

O problema? O Banco Central brasileiro começou a desenvolver o sistema em 2018 — dois anos antes do tal encontro. Detalhezinho que faz diferença, não?

E o BC nisso tudo?

Fontes do Bacen, que preferiram não se identificar, rolam os olhos pra história. "O PIX foi fruto de anos de estudos técnicos, não de conversa de almoço", comentou um deles, entre um gole de café e outro.

  • Fevereiro 2018: primeiras discussões internas
  • Agosto 2019: consulta pública
  • Novembro 2020: lançamento oficial

Ou seja, a linha do tempo não bate. Mas convenhamos — quando egos presidenciais entram em campo, fatos às vezes viram mera sugestão.

O jogo das vaidades

Bolsonaro, que adora um palanque tecnológico (lembram do "5G day"?), nunca perdeu chance de vincular o PIX ao seu governo. Já Trump, em plena campanha eleitoral, parece querer capitalizar qualquer "feito internacional".

"É a velha história — quando a coisa dá certo, todo mundo quer assinar embaixo", filosofa um economista que acompanhou o processo. "Só que inovação não surge do nada. É trabalho de formiguinha, não de declaração bombástica."

Enquanto isso, nas redes sociais, a briga rende memes à vontade. De "PIX é patrimônio cultural brasileiro" até "Trump inventou até o whey protein". Internet sendo internet.

E o usuário?

No meio dessa celeuma toda, o brasileiro médio só quer saber se a transferência caiu. E caiu mesmo — em 2023, o PIX movimentou R$ 17 trilhões. Número que, convenhamos, fala mais alto que qualquer disputa de autoria.

No fim das contas, talvez o verdadeiro "pai" do PIX seja aquele time de técnicos do BC que ralou no projeto. Mas isso, claro, não gera manchete — nem infla ego de ex-presidente.