
Parece que a história se repete todo ano, não é mesmo? Enquanto os custos disparam feito foguete de São João, a tabela do Simples Nacional continua parada no tempo, como aquela foto antiga da família que ninguém tem coragem de trocar na moldura.
Mais de 50 entidades empresariais, cansadas dessa situação, resolveram botar a boca no trombone. Lançaram um manifesto conjunto — e a coisa está séria — exigindo do governo federal uma solução imediata para esse problema crônico.
O Grito de Guerra dos Pequenos Negócios
O documento, assinado por pesos-pesados como a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e a Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), chegou às mãos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. E olha, o tom não é dos mais amistosos.
"Estamos há sete longos anos sem reajuste", lamenta José César da Costa, presidente da Força Nacional da Advocacia Empresarial (Fenae). Sete anos! Dá pra acreditar? Enquanto isso, a inflação acumulada pelo IPCA já beira os 30%. A conta não fecha, e quem paga o pato são os micro e pequenos empresários.
A Bomba Relógio do Faturamento
Imagine a cena: seu negócio começa a ir bem, o faturamento cresce, mas aí... puff! Você pula para uma faixa tributária mais alta e descobre que, no fim das contas, vai ganhar menos. É o que os especialistas chamam de "efeito ricochete" — e dói tanto quanto o nome sugere.
"Muitas empresas preferem segurar o crescimento para não ser penalizadas", revela um empresário do setor de serviços que preferiu não se identificar. Medo de crescer? Que contradição, não?
A Solução na Mesa — e Ninguém Assina
O manifesto traz duas exigências claras como cristal:
- Reajuste imediato da tabela com base nos índices inflacionários acumulados desde 2018
- Implementação do reajuste automático anual, acabando de vez com essa novela
O pior é que a solução já está desenhada. Existe até um projeto de lei, o PL 4.126/2021, parado no Congresso como carro na lama. E sabe qual é o argumento do governo? Ah, que "não há espaço orçamentário". Mas será mesmo?
"É uma questão de vontade política", solta um dos signatários do manifesto, com aquela cara de quem já ouviu muitas promessas.
Os Números que Não Mentem
O Simples Nacional não é brincadeira de criança. São mais de 18 milhões de empresas — sim, você leu direito — representando cerca de 30% de todo o PIB nacional. Quando esse sistema espirra, o Brasil inteiro pega pneumonia.
E tem mais: estudos mostram que a atualização da tabela poderia injetar bilhões na economia. Dinheiro que ficaria nas mãos de quem realmente produz, em vez de engordar os cofres públicos.
E Agora, José?
Enquanto o governo enrola, as empresas sofrem. Muitas estão sendo forçadas a fazer malabarismos contábeis, outras simplesmente fecham as portas. E aquela história de que "empreendedor é resiliente" está começando a cansar.
"Não queremos esmola, queremos justiça fiscal", resume o presidente da CNDL. A bola agora está com o Ministério da Fazenda. Resta saber se vão chutar para escanteio ou se finalmente vão encarar o problema.
Uma coisa é certa: o manifesto não é apenas um pedido educado. É um ultimato. E os pequenos empresários — aqueles que sustentam o país, diga-se de passagem — estão de olho.