O que acontece quando uma decisão política do outro lado do mundo chega até o coração industrial de São Carlos? Bom, a resposta veio dura e crua nesta segunda-feira: cinquenta famílias agora enfrentam o desemprego.
A Metalúrgica São Carlos S.A., uma daquelas empresas que a gente até vê da estrada, mas não imagina o tamanho da encrenca, anunciou uma redução brutal no quadro de funcionários. E o motivo? Aquela velha história de guerra comercial que parecia coisa de telejornal – até agora.
O estrago das tarifas do Tio Sam
Não foi falta de aviso. Desde que Trump reassumiu e começou a falar em novas tarifas de importação, o mercado de aço entrou em parafuso. Só que, cá entre nós, ninguém imaginava que o baque viria tão rápido – e tão forte.
"A gente via as notícias, mas achava que era exagero de economista", contou um funcionário que preferiu não se identificar. "Agora o pacote chegou, e veio com tudo."
Os números assustam: as exportações da empresa despencaram mais de 40% só nos últimos três meses. Como manter o ritmo de produção com números desses? Impossível.
Além dos números: o rosto humano da crise
Não são apenas estatísticas. São operários com 20 anos de casa, soldadores que ensinaram metade da linha, auxiliares que planejavam comprar o primeiro carro. A demissão em massa pegou todo mundo de surpresa – a empresa nem sequer tinha sinalizado cortes antes.
O sindicato local já está se mobilizando, claro. Mas a realidade é dura: sem pedidos internacionais, não tem milagre que segure os empregos. A guerra comercial entre EUA e China criou um efeito dominó que, parece, não poupa ninguém.
E agora, José?
Para os especialistas, isso é só o começo. Setores inteiros podem sentir o baque nos próximos meses, especialmente aqueles dependentes de commodities e produtos básicos. São Carlos, com seu parque industrial robusto, pode ser apenas a primeira ponta desse iceberg.
A prefeitura promete programas de requalificação, mas todo mundo sabe que não é a mesma coisa. Trocar de área depois dos 50? Difícil. Recomeçar em outra cidade? Mais difícil ainda.
Enquanto isso, em Washington, Trump segue anunciando vitórias "históricas" para a indústria americana. Ironia das ironias: o que fortalece uns, destrói outros – e a gente aqui no meio, tentando sobreviver às consequências.
