O Ibovespa encerra o ano de 2025 com otimismo, registrando alta nesta terça-feira, 30 de dezembro. O principal índice da bolsa brasileira subia 0,71%, chegando a 161.625,28 pontos por volta das 11h30, em um movimento influenciado por dados robustos do mercado de trabalho e pela expectativa dos investidores em relação à ata do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
Mercado de trabalho atinge patamar histórico
O otimismo do mercado financeiro encontra respaldo nos números mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE. A taxa de desocupação no Brasil caiu para 5,2% no trimestre encerrado em novembro, o menor nível desde o início da série histórica, em 2012.
Esse resultado reflete um mercado de trabalho aquecido, com apenas 5,644 milhões de pessoas em busca de emprego, o menor contingente já registrado. Paralelamente, o país atingiu um novo recorde de ocupação, com 103,2 milhões de pessoas empregadas. Isso eleva o nível de ocupação para 59,0% da população com 14 anos ou mais, também um marco histórico.
Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa no IBGE, explica que a manutenção do emprego em patamares elevados ao longo de 2025 reduziu a pressão por busca de trabalho, sustentando a queda da desocupação.
Expectativas para os juros e inflação
O cenário positivo, no entanto, traz seus desafios. Claudia Moreno, economista do C6Bank, avalia que o mercado de trabalho deve se manter forte nos próximos meses e ao longo de 2026, com a taxa de desemprego terminando ambos os anos abaixo de 6%.
Ela alerta, porém, que esse vigor pode pressionar a inflação, especialmente no setor de serviços. "Os dados da Pnad reforçam nossa expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% na reunião de janeiro do Copom. Acreditamos que o ciclo de cortes deve começar em março, com os juros chegando a 13% no fim de 2026", projetou a economista.
Atenção ao Fed e ao Caged
Além dos dados do desemprego, os investidores mantinham os olhos voltados para outros dois eventos nesta terça-feira. Às 14h, seriam divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com previsão de criação de 79.120 vagas com carteira assinada.
Posteriormente, por volta das 16h, seria publicada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fed). O documento é analisado minuciosamente pelo mercado global por conter sinais sobre a futura política de juros dos Estados Unidos, que tem impacto direto nos fluxos de capital para economias emergentes como a brasileira.
No mercado de câmbio, o dólar recuava 1,24%, sendo negociado a R$ 5,50 no mesmo horário.
Ano de forte valorização para a bolsa
O pregão de terça-feira consolida um ano excepcional para o Ibovespa, que caminha para uma valorização acumulada de 34,5% em 2025. Esse desempenho foi impulsionado por um robusto fluxo de capital estrangeiro para o Brasil.
Os analistas apontam que dois fatores internacionais principais favoreceram essa migração de recursos: a política de tarifas comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (o chamado "tarifaço"), e o ciclo de cortes de juros promovido pelo próprio Fed. Juntas, essas medidas enfraqueceram o dólar globalmente e tornaram os ativos de mercados emergentes, como o brasileiro, mais atrativos para os investidores internacionais.