O mercado financeiro brasileiro teve uma sessão de baixa movimentação nesta segunda-feira, 29 de dezembro de 2025, marcada pela valorização do dólar frente ao real e pela queda do principal índice da bolsa de valores.
Câmbio pressionado por saída de recursos
O dólar comercial encerrou o dia com uma alta de 0,48%, sendo negociado a R$ 5,571. Analistas apontam que o movimento de alta da moeda norte-americana foi influenciado pelo tradicional reforço nas remessas de dividendos e outros pagamentos corporativos ao exterior, comum no encerramento do ano.
Esse fluxo de saída de recursos ganhou força adicional em dezembro devido às mudanças na legislação do Imposto de Renda, aprovadas em outubro, que passarão a tributar parte dos dividendos distribuídos a partir de 2026.
Bolsa de valores acompanha tom negativo externo
Por volta das 17h40, o Ibovespa, principal índice da B3, recuava 0,4%, chegando aos 160.297 pontos. O desempenho refletiu o tom negativo das bolsas americanas, que também operaram no campo das perdas durante a maior parte do pregão.
Com um noticiário político e econômico mais esvaziado, característico do período entre festas, os investidores direcionaram sua atenção para indicadores domésticos divulgados ao longo do dia.
Dados econômicos mistos influenciam o cenário
Os dados divulgados nesta segunda-feira pintaram um quadro misto para a economia brasileira. Por um lado, houve um alívio nas perspectivas inflacionárias. O IGP-M, índice de inflação que mede preços no atacado, fechou 2025 com deflação de 1%, conforme dados da Fundação Getulio Vargas.
Além disso, as projeções de analistas de mercado reunidas no último Boletim Focus do Banco Central em 2025 confirmam uma tendência de revisão para baixo nas expectativas de inflação tanto para este ano quanto para o próximo.
Por outro lado, o cenário fiscal apresentou sinais de deterioração. Os números do resultado primário do governo federal referentes a novembro, divulgados pelo Tesouro Nacional, mostraram que, no acumulado de 2025 até aquele mês, o déficit primário atingiu R$ 83,8 bilhões. No mesmo período de 2024, o rombo havia sido de R$ 67 bilhões em termos nominais, indicando uma piora nas contas públicas.
O pregão desta segunda-feira consolidou um cenário de cautela no final do ano, com o câmbio sentindo o peso das remessas ao exterior e a bolsa refletindo o humor dos mercados internacionais, enquanto os indicadores econômicos locais sinalizam desafios fiscais, mas com alguma folga no front inflacionário.