Dólar cai com fim do shutdown nos EUA e Ibovespa recua 0,38%
Dólar em queda com fim do shutdown nos EUA

Mercados reagem ao fim da crise política nos Estados Unidos

O dólar apresentou queda de 0,06% nesta quinta-feira (13), cotado a R$ 5,288, enquanto o Ibovespa recuava 0,38%, fechando a 157.018 pontos. O principal motor para as movimentações do dia foi o encerramento da mais longa paralisação do governo na história dos Estados Unidos, que durou 43 dias.

Acordo político põe fim ao shutdown histórico

O Congresso norte-americano aprovou um acordo para finalizar a crise que mantinha agências federais fechadas desde 1º de outubro. O processo começou na segunda-feira, quando o Senado aprovou projeto para restabelecer financiamento governamental. Na noite de quarta-feira, a Câmara dos Representantes avalizou o acordo por 222 votos a 209, sendo subsequentemente sancionado pelo presidente Donald Trump.

"Não podemos deixar isso acontecer de novo", declarou Trump durante cerimônia no Salão Oval. "Não é assim que se governa um país." A medida estende o financiamento do governo até 30 de janeiro, mantendo o ritmo de expansão da dívida pública americana, que soma US$ 38 trilhões e cresce aproximadamente US$ 1,8 trilhão anualmente.

Impacto nas decisões do Federal Reserve

Para os mercados, o fim da paralisação reduz incertezas sobre a economia americana. Durante o shutdown, a falta de financiamento nas agências federais suspendeu a divulgação de dados econômicos oficiais, deixando o Federal Reserve (Fed) sem informações cruciais para decisões sobre taxas de juros.

Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, explica: "A paralisação prejudicou a coleta de informações econômicas pelas agências que estavam fechadas, e elas devem retomar a publicação do que for possível".

Fernanda Campolina, sócia da One Investimentos, acrescenta que, com o fim da paralisação, o Fed pode se sentir "mais confortável" para realizar novos cortes de juros ainda em 2025, "o que favorece mercados emergentes como o Brasil".

Balanços corporativos influenciam Bolsa brasileira

Enquanto fatores internacionais ditavam o ritmo do câmbio, a temporada de balanços do terceiro trimestre norteava as movimentações na Bolsa de Valores. Destaque negativo para o Banco do Brasil, que reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no período - 60,2% menor que há 12 meses. A queda se refletiu nos papéis da instituição, que recuavam mais de 3% no pregão.

Situação ainda mais crítica para a operadora de planos de saúde Hapvida, cujas ações despencavam quase 40%. Analistas do Itaú BBA avaliaram que o resultado apontou "uma dinâmica mais desafiadora para a companhia do que o mercado esperava".

Do lado positivo, Petrobras, Itaú e Bradesco ajudavam a amenizar o baque sobre o índice, com altas de 1% cada.

Perspectivas para os juros americanos

O mercado agora está dividido sobre os próximos passos do Fed. Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, 52,6% dos operadores apostam em nova redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, enquanto 46,4% esperam manutenção do atual patamar entre 3,75% e 4%.

Sob essa expectativa, o dólar registra queda frente à maioria das moedas globais. O índice DXY, que compara a divisa americana a outras seis moedas fortes, marcava queda de 0,29%, a 99,23 pontos. Outras moedas emergentes, como o rand sul-africano, peso chileno e peso mexicano, também se valorizavam.