Mercado financeiro em alta histórica com alívio nos EUA
O mercado financeiro brasileiro vive um dia de forte otimismo nesta terça-feira (11), com o dólar registrando queda expressiva e a Bolsa de Valores alcançando patamares históricos nunca antes vistos. O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,271, representando uma desvalorização de 0,65% frente ao real.
O movimento de baixa da moeda americana foi consistente durante todo o pregão, chegando a atingir o menor valor do dia em R$ 5,263. Pela primeira vez desde setembro deste ano, a divisa norte-americana ficou abaixo da importante barreira psicológica de R$ 5,30.
Ibovespa rompe três marcas históricas consecutivas
Enquanto o dólar recuava, o Ibovespa disparava 1,51%, alcançando a marca inédita de 157.616 pontos. No melhor momento da sessão, o principal índice da Bolsa brasileira chegou a impressionantes 158.467 pontos.
Este movimento representa um marco histórico para o mercado acionário nacional, pois é a primeira vez que o Ibovespa opera acima de 156 mil, 157 mil e 158 mil pontos simultaneamente. O recorde anterior já havia sido superado significativamente.
Fim do shutdown americano impulsiona otimismo global
O principal motor para essa guinada positiva foi a aprovação no Senado dos Estados Unidos de um projeto de lei que pode colocar um ponto final na paralisação do governo americano. A votação ocorreu na segunda-feira com 60 votos favoráveis e 40 contrários, contando com apoio de quase todos os republicanos e oito democratas.
O texto legislativo restabelece recursos para agências federais cujo orçamento havia expirado em 1º de outubro e suspende temporariamente a campanha do presidente Donald Trump para reduzir o funcionalismo público, impedindo demissões até 30 de janeiro.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, já sinalizou que pretende aprovar a proposta até quarta-feira (12) e enviá-la para sanção de Trump, que classificou o acordo como "muito bom".
Impacto direto no Federal Reserve e dados econômicos
O possível fim do shutdown traz alívio imediato aos mercados, pois normaliza a divulgação de dados econômicos essenciais. A paralisação havia deixado o Federal Reserve no escuro sobre indicadores cruciais como inflação e desemprego, dificultando decisões de política monetária.
Jerome Powell, presidente do Fed, havia usado uma analogia para descrever a situação: "O que você faz quando está dirigindo sob neblina? Você diminui a velocidade". A falta de visibilidade sobre a saúde da economia americana ameaçava interromper o ciclo de cortes de juros.
Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, explica que o mercado se posiciona com otimismo porque se interrompem os efeitos negativos dessa paralisação, especialmente a falta de coleta e divulgação de estatísticas oficiais da economia americana.
Cenário doméstico fortalece ainda mais os ativos brasileiros
No front interno, as expectativas dos investidores sobre a taxa Selic ganharam força adicional com a divulgação da ata da última reunião do Copom. O documento trouxe detalhes sobre a visão do colegiado quanto ao atual processo de desinflação.
O comitê demonstrou maior convicção de que manter a taxa básica em 15% por tempo bastante prolongado será suficiente para conduzir a inflação à meta. O Banco Central reconheceu moderação gradual na atividade econômica, diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas inflacionárias.
André Valério, economista sênior do Inter, analisa que a ata manteve o tom do comunicado ao reforçar os desafios da convergência da inflação à meta e enfatizou a importância de coordenar política monetária e política fiscal.
Inflação surpreende positivamente em outubro
O IBGE informou que o IPCA subiu apenas 0,09% em outubro, ficando abaixo da taxa de 0,48% de setembro e também inferior à projeção de 0,16% dos analistas consultados pela Reuters. Nos 12 meses até outubro, a inflação acumulada foi de 4,68%, contra expectativa de 4,75%.
Para Valério, o cenário de curto prazo para a inflação permanece benigno e não devemos observar uma reversão significativa nas próximas leituras. Ele destaca a possibilidade de redução da bandeira de energia elétrica em dezembro, aumentando as chances de vermos o índice encerrando 2025 abaixo do teto da meta de 4,5%.
Petrobras e bancos lideram alta no Ibovespa
No campo corporativo, as ações da Petrobras dispararam em meio a notícias sobre a plataforma P-79 em Búzios, que elevará a capacidade de produção em 15,6%, para cerca de 1,3 milhão de barris por dia. Os papéis preferenciais e ordinários avançaram 3% cada.
O setor bancário também contribuiu significativamente para o desempenho positivo do Ibovespa. Banco do Brasil subiu 2,63%, seguido por Bradesco (2,36%), Itaú (1,38%) e Santander (1,19%).
A combinação entre o cenário internacional favorável e as expectativas domésticas positivas criou um ambiente propício para que investidores buscassem ativos de risco, beneficiando tanto a Bolsa brasileira quanto a moeda nacional.