Fim do shutdown nos EUA: 6 semanas de paralisação chegam ao fim
Shutdown mais longo da história dos EUA chega ao fim

Fim do impasse político reabre governo americano

Após seis semanas de paralisação total, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos deve votar nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, o acordo que encerra o maior shutdown da história americana. O presidente Donald Trump se comprometeu a sancionar o texto imediatamente, classificando o resultado como uma significativa vitória republicana.

Contudo, especialistas alertam que o acordo aprovado pelo Senado na segunda-feira, dia 10, por 60 votos a 40, representa apenas uma trégua temporária na crise política. O financiamento do governo está garantido apenas até 30 de janeiro de 2026, criando um prazo curto para que a Casa Branca e o Congresso encontrem uma solução permanente.

Consequências econômicas da paralisação

Enquanto os políticos discutiam em Washington, o país sentia os efeitos práticos da paralisação. Famílias de servidores federais enfrentaram dificuldades para pagar aluguéis e hipotecas, parques nacionais registraram queda drástica no turismo e contratos de defesa ficaram suspensos.

O Congressional Budget Office, agência federal apartidária, calcula que cada semana de shutdown custou aproximadamente US$ 6 bilhões em atividade econômica, sendo que parte dessas perdas será impossível de recuperar.

Os controladores de tráfego aéreo e agentes da TSA, considerados serviços essenciais, continuaram trabalhando durante toda a paralisação, mas sem receber salários por seis semanas. Muitos profissionais deixaram de comparecer ao trabalho após mais de 40 dias sem pagamento.

Impacto no Federal Reserve e mercados

A normalização institucional não significa retorno imediato à normalidade estatística. O shutdown suspendeu o funcionamento de agências cruciais como o Bureau of Labor Statistics (BLS) e o Census Bureau, congelando a coleta e divulgação de indicadores econômicos fundamentais.

Para o Federal Reserve (Fed), o timing é especialmente crítico. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto está agendada para 9 e 10 de dezembro. Se o governo retomar as operações esta semana, o Fed ainda poderá incorporar dados importantes como o relatório de emprego e o índice de preços ao consumidor em sua discussão sobre política monetária.

Historicamente, o BLS leva entre 7 e 14 dias para publicar relatórios atrasados. Em paralisações mais longas, como a ocorrida entre 2018 e 2019, parte das séries estatísticas foi consolidada junto com os dados do mês seguinte.

Reflexos no Brasil e mercados emergentes

O fim do shutdown traz boas notícias para o Brasil e outros mercados emergentes. Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a normalização tende a reaquecer o apetite global por risco.

Com a retomada da publicação dos indicadores americanos, o Fed volta a trabalhar com dados mais transparentes, o que pode reabrir espaço para discutir novos cortes de juros. Cada redução de 0,25 ponto percentual nos juros americanos pode deslocar cerca de US$ 30 bilhões da renda fixa para mercados emergentes, sendo que metade desse valor tradicionalmente encontra destino na América Latina.

Nos aeroportos americanos, os efeitos do fim da paralisação serão imediatos: filas menores, menos atrasos e o fim dos protestos silenciosos que simbolizaram o desgaste da crise. Os profissionais que trabalharam sem remuneração receberão pagamentos retroativos e devem normalizar suas atividades em 24 a 48 horas.