Piracicaba: 7 Anos de Espera por Moradias Populares e a Luta por Verba no Orçamento
7 anos sem moradias populares em Piracicaba

Quase uma década. Sete longos anos se passaram desde que Piracicaba viu seu último projeto de moradia popular sair do papel. E olha que estou sendo generoso com as palavras - "projeto" soa até otimista demais para a realidade que se desenha na cidade.

Enquanto isso, as comunidades seguem na corda bamba, esperando por uma solução que teima em não chegar. A situação é daquelas que dão nó no estômago: famílias inteiras vivendo em condições que, francamente, ninguém merece.

O Grito que Ecoa nas Comunidades

Não é exagero dizer que a paciência está no limite. Líderes comunitários andam batendo na mesma tecla há tempos - e canso de ouvir isso nas reuniões. Eles querem, e com razão, uma reserva de verba específica no orçamento municipal para habitação popular. Algo concreto, não apenas promessas que se perdem no vai e vem da política.

"É como enxugar gelo", me disse um morador da região central, com aquela cara de quem já viu de tudo. "A gente ouve discursos, vê planejamento, mas na hora H... cadê o dinheiro? Cadê as obras?"

Os Números que Não Mentem

A prefeitura, por sua vez, joga a responsabilidade para cima. Diz que depende de repasses federais - o famoso "Minha Casa, Minha Vida". Mas cá entre nós, sete anos é tempo demais para ficar apenas na dependência. A cidade tem suas próprias receitas, seu próprio orçamento. Será que não dá para fazer mais?

O que mais me preocupa é o efeito dominó. Quando falta moradia digna, tudo mais desanda: saúde piora, educação fica comprometida, a violência pode aumentar. É um pacote completo de problemas que ninguém quer ver se agravar.

O Jogo Político por Trás dos Números

Ah, a política... Não dá para ignorar como esse tema mexe com os ânimos no legislativo municipal. Alguns vereadores abraçaram a causa, enquanto outros parecem mais preocupados com questões que, convenhamos, não são exatamente urgentes para quem não tem onde morar.

O curioso é que todo mundo concorda que é importante. Todo mundo fala em prioridade. Mas na hora de destinar verba, parece que sempre surge algo "mais urgente". E as famílias? Continuam esperando.

Uma Luz no Fim do Túnel?

Conversando com algumas lideranças, percebo um misto de esperança e ceticismo. Por um lado, a mobilização está aumentando. Por outro, sete anos de espera deixam qualquer um desconfiado.

O que me parece claro é que não adianta mais apenas reclamar. A pressão tem que ser organizada, constante e, acima de tudo, inteligente. Mostrar não apenas o problema, mas caminhos possíveis - e cobrar que sejam seguidos.

Piracicaba merece mais. Muito mais. As famílias que esperam por um teto merecem ver essa página virada, e rápido. Porque tempo, diferente de promessas, é algo que não volta.