O Banco Itaú surpreendeu o mercado financeiro nesta quinta-feira, 13 de novembro de 2025, ao anunciar a revisão de suas projeções macroeconômicas para os próximos anos, incluindo a expectativa do primeiro corte da taxa Selic em janeiro de 2026.
A principal novidade apresentada pela diretoria de Pesquisa Macroeconômica do Itaú é a previsão de que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciará o ciclo de flexibilização monetária na reunião de 28 de janeiro de 2026, com redução de 0,25% na Selic, atualmente em 15%.
Novas projeções para inflação e crescimento
O banco revisou para baixo suas estimativas de inflação, projetando agora o IPCA em 4,5% para 2025 (ante 4,6% anterior) e 4,2% para 2026 (ante 4,3%). Esses valores ficam dentro do teto da meta de inflação, criando espaço para o início do ciclo de cortes de juros.
No front do crescimento econômico, o Itaú elevou sua projeção para o PIB de 2026 de 1,5% para 1,7%, refletindo o impacto positivo das medidas de estímulo fiscal e creditício anunciadas nos últimos meses. Para 2025, a estimativa de crescimento se mantém em 2,2%.
Contexto macroeconômico favorável
De acordo com a análise do Itaú, o Copom parece estar ganhando confiança de que a estratégia atual de política monetária - manter a Selic em 15% por período prolongado - está funcionando adequadamente.
Os economistas do banco identificaram sinais claros de moderação na atividade econômica, queda da inflação corrente e redução das expectativas inflacionárias, além do recuo da projeção de inflação para o horizonte relevante.
O cenário cambial também apresenta melhoras, com o Itaú revisando suas projeções para o dólar para R$ 5,35 em 2025 e R$ 5,50 em 2026, devido ao enfraquecimento da moeda americana este ano.
Mercado de trabalho e contas externas
O relatório do Itaú destaca que o mercado de trabalho brasileiro mostra resiliência, porém com sinais incipientes de arrefecimento. A taxa de desemprego deve encerrar 2025 em 6,2%, subindo para 6,4% em 2026 (revisado de 6,5%).
Nas contas externas, o banco revisou sua projeção para déficit em conta corrente de US$ 78 bilhões em 2025 (ante US$ 75 bilhões anterior), mantendo a estimativa de US$ 77 bilhões para 2026. A piora reflete maiores remessas de lucros e dividendos na margem.
Por outro lado, a projeção de superávit comercial para 2026 foi revisada positivamente para US$ 65 bilhões (de US$ 58 bilhões), devido à retirada do esperado impacto negativo das tarifas sobre as exportações.
Comparativo com outras instituições
O cenário projetado pelo Itaú difere de outras instituições financeiras. Enquanto o Itaú prevê Selic de 12,75% em dezembro de 2026, o Bradesco projeta taxa de 12,00% e IPCA de 3,8% para o mesmo período.
Esta divergência reflete diferentes leituras sobre a velocidade do processo de desinflação e a resposta da política monetária nos próximos meses.
Impacto das medidas fiscais
O Itaú calcula que a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil em 2026 poderá impulsionar o PIB em aproximadamente 0,3 pontos percentuais, devido ao aumento do poder de compra da população.
No entanto, o banco alerta para os riscos fiscais, mantendo as projeções de resultado primário em -0,6% do PIB em 2025 e -0,8% em 2026. O relatório expressa preocupação com o montante elevado e crescente das exceções ao limite de despesas, mesmo diante de um regime que já permite expansão significativa do gasto primário.
Os economistas do Itaú enfatizam que, em um país com dívida pública elevada e em trajetória ascendente, a credibilidade da política fiscal depende de regras abrangentes, previsíveis e impositivas para ancorar expectativas.