A economia brasileira recebeu uma notícia positiva em novembro de 2025: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou surpreendentes 0,09% em outubro, ficando bem abaixo das projeções do mercado financeiro.
Inflação em trajetória de queda
O resultado de outubro, significativamente inferior às estimativas das principais instituições financeiras, fez com que a inflação acumulada em 12 meses caísse de 5,17% para 4,68%. No acumulado do ano, o índice chegou a 3,73%.
Se confirmadas as projeções medianas da Pesquisa Focus para novembro e dezembro, o IPCA encerraria 2025 em 4,48%, valor que ficaria dentro do teto da meta de inflação estabelecida pelo governo, que é de 4,50%.
Os bancos revisaram suas perspectivas diante do dado positivo. O Bradesco, que já projetava o IPCA fechando o ano em 4,50%, afirmou que o resultado consolida a visão de que a inflação deve terminar 2025 próxima ou até ligeiramente abaixo de 4,5%.
O Itaú, anteriormente mais pessimista, também revisou sua projeção de 4,7% para baixo após analisar a desaceleração dos serviços subjacentes e a queda dos preços industriais.
O debate sobre os juros
Com a inflação em declínio, aumenta a pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para iniciar o ciclo de redução da taxa Selic, atualmente mantida em 15%.
O descompasso entre a inflação em queda e a Selic constante elevou o juro real de 9,35% para 9,86%. Caso o Copom não reduza os juros em dezembro, o juro real pode fechar o ano em aproximadamente 10%.
Este cenário preocupa especialistas, pois pode aumentar os ganhos dos chamados "turistas" internacionais - grandes fundos e investidores brasileiros em paraísos fiscais que especulam com o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos.
Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governo Lula defendem o início do corte de juros já na reunião de 10 de dezembro, o mercado financeiro trabalha com a hipótese de que o Copom iniciará a flexibilização monetária apenas em 28 de janeiro de 2026.
Composição do IPCA e itens que mais impactaram
O resultado de outubro foi influenciado principalmente pela queda de 2,39% na energia elétrica residencial, que gerou o maior impacto negativo no índice do mês. Também registraram variação negativa os grupos de Artigos de Residência (-0,34%) e Comunicação (-0,16%).
Após quatro meses em baixa, Alimentação e Bebidas variou apenas 0,01%. Os demais grupos tiveram alta, com destaque para Vestuário (0,51%).
O IBGE divulgou um balanço dos produtos que mais impactaram a inflação nos primeiros dez meses do ano e nos últimos doze meses. A energia elétrica liderou o impacto com alta de 13,64% no ano, embora nos últimos doze meses tenha registrado apenas 3,11%.
Dentre os alimentos, o café moído foi o que mais subiu no ano (37,88%), enquanto as carnes apresentaram queda de preços, ajudando a conter a inflação. O arroz registrou a maior queda entre os alimentos (-22,88% no ano).
O tomate, que tradicionalmente sobe durante as festas de fim de ano, já acumula alta de 21,55% no ano, enquanto a cebola recuou 10,19% e a batata-inglesa caiu 21,04%.