Emprestar nome se torna principal causa de dívidas no Ceará
Ajudar amigos e familiares financeiramente é um gesto nobre, mas quando essa assistência envolve emprestar o nome para empréstimos, pode se transformar em um pesadelo econômico. Segundo pesquisa da Serasa, essa prática representa o motivo principal de endividamento entre os cearenses.
Números alarmantes do endividamento
O estudo revela dados preocupantes: 25% dos cearenses endividados afirmam que sua situação financeira comprometida foi causada por empréstimos realizados para outras pessoas. O desemprego e a falta de controle financeiro também aparecem como causas frequentes no estado, onde mais de 3,5 milhões de pessoas enfrentam problemas com dívidas.
Wandemberg Almeida, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), alerta sobre os perigos dessa atitude em entrevista ao Bom Dia Ceará. "Quando você empresta seu nome para alguém, você está se comprometendo com aquela dívida no lugar da outra pessoa. Isso é um risco, porque você pode acumular dívidas, você pode acumular altas taxas de juros", explicou o especialista.
Consequências duradouras para a vida financeira
As repercussões dessa decisão podem ser prolongadas e severas. O economista destacou que comprometer o nome pode afetar a vida financeira por anos, impedindo a aquisição de bens como imóveis e veículos.
A situação se intensifica quando o empréstimo envolve cartão de crédito. "Quando você começa a emprestar, você vai perdendo o seu limite. Você vai perdendo, digamos, o seu contato mais próximo com outras áreas, com outras instituições financeiras, porque você começa com isso que fica negativado", afirmou Wandemberg.
Cenário crítico da inadimplência
Outros dados da Serasa ilustram a gravidade do endividamento no Ceará:
- 9% dos endividados não conseguem pagar contas básicas como água, luz e gás
- 5 a cada 10 pessoas estão com dívidas atrasadas há mais de um ano
- 56% dos endividados já estão com o CPF negativado
Alternativas para ajudar sem riscos
Para quem deseja auxiliar amigos sem colocar o próprio nome em risco, Wandemberg Almeida recomenda: "É importante que você ajude ele de uma outra maneira, sem ser essa questão financeira."
Se a decisão de emprestar o nome for inevitável, ele aconselha a formalização completa do processo. "Que você procure reconhecer, que você procure criar um contrato, formalizar todo esse processo, até para que ele possa reconhecer essa dívida no futuro."
Para aqueles que já estão com o orçamento comprometido, a orientação é priorizar renegociações, especialmente de contas básicas e dívidas com juros elevados, como cartão de crédito que pode ultrapassar 400% ao ano.
O controle orçamentário é fundamental para evitar que a situação se transforme em uma bola de neve de endividamento. A recomendação é adequar o orçamento às reais necessidades e não extrapolar os limites financeiros pessoais.