Ata do Copom e inflação de outubro definem rumos da Selic em 2025
Copom e inflação selam apostas de corte da Selic

Os olhos do mercado financeiro brasileiro se voltam para dois eventos cruciais nesta terça-feira que devem definir os rumos da taxa básica de juros do país. Enquanto investidores analisam a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro.

Busca por sinais do Copom

Os agentes financeiros estão em alerta máximo para encontrar na ata do Copom indícios sobre quando terá início o tão esperado ciclo de afrouxamento monetário. Atualmente, a Selic se mantém em patamares draconianos de 15% ao ano, nível que vem sendo criticado por especialistas pelo potencial impacto negativo no crescimento econômico.

As apostas no mercado se dividem entre dois cenários principais: alguns investidores projetam o primeiro corte para janeiro, enquanto outros acreditam que o Banco Central adotará postura mais cautelosa e só iniciará o ciclo de reduções em março. A divergência reflete a incerteza sobre como a autoridade monetária interpreta a evolução recente dos indicadores econômicos.

Inflação como termômetro

Complementando a análise da ata do Copom, o IPCA de outubro, que será divulgado às 9h, oferecerá dados concretos para calibrar as projeções sobre a trajetória da política monetária. O índice de inflação oficial do país serve como principal referência para as decisões do Copom e sua evolução é acompanhada com atenção pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

O comportamento da inflação nos últimos meses tem sido determinante para o posicionamento da autoridade monetária. Qualquer surpresa, positiva ou negativa, no número de outubro poderá inclinar a balança a favor de uma das datas cogitadas para o início do ciclo de cortes.

Contexto internacional

Enquanto o mercado doméstico se concentra nos indicadores brasileiros, o cenário internacional também apresenta desenvolvimentos relevantes. Nos Estados Unidos, o Senado aprovou na noite de segunda-feira a proposta que reabre o Orçamento federal após um shutdown que durou 41 dias.

O acordo só foi possível depois que oito membros do partido democrata decidiram ceder às demandas dos republicanos, encerrando a queda de braço que tinha como um dos pontos centrais o corte de subsídios para planos de saúde dos americanos mais pobres. A proposta segue agora para a Câmara, onde deve ser votada ainda nesta semana.

Se aprovada definitivamente, a medida colocará fim ao mais longo período de bloqueio orçamentário da história dos EUA, episódio que gerou ameaças de caos aéreo e disputas judiciais sobre pagamentos de programas assistenciais para compra de alimentos.

Nos mercados, a rebelião dos oito democratas impulsionou um rali na véspera da votação no Senado. Contudo, com a medida já aprovada, os futuros americanos abrem a terça-feira em território negativo, mesmo com o feriado do Dia dos Veteranos de Guerra - apenas o mercado de juros permanece fechado, enquanto as bolsas funcionam normalmente.

Reflexos no mercado brasileiro

No front doméstico, o EWZ, principal ETF brasileiro negociado nos EUA, se mantém estável nesta manhã, resistindo ao dia negativo em Nova York. A resiliência do indicador pode impulsionar o Ibovespa rumo ao seu 12º pregão consecutivo de recordes, demonstrando o otimismo dos investidores com as perspectivas para a economia brasileira.

Os juros americanos, mesmo com o feriado, continuam sendo um dos principais drivers para os mercados globais, incluindo o Brasil. A expectativa é que as decisões tomadas nesta terça-feira pelo Copom e os números da inflação local forneçam direção clara para os investimentos nas próximas semanas.