
Parece que o estampido ecoou forte em São Leopoldo. A Taurus, aquela gigante das armas que todo mundo conhece, simplesmente apertou o freio de mão. A partir de 1º de março, a linha de produção vai ficar quietinha, num silêncio que dá até arrepio. E não é por pouco tempo: até 19 de abril! Quase dois meses de uma parada total que ninguém – absolutamente ninguém – esperava.
O que aconteceu? Bom, a culpa é do furacão que vem lá de fora. Aquele terremoto político-judiciário que pegou o ex-presidente americano Donald Trump – a condenação dele em Nova York – simplesmente detonou o mercado. E adivinha quem estava na linha de frente? Pois é. As ações da Taurus, que estavam lá em cima, felizes da vida, despencaram num tombo de mais de 10% num piscar de olhos. Foi o caos.
E os trabalhadores? Ah, os trabalhadores... Cerca de 900 pessoas, o coração da fábrica, vão ser mandadas para casa. A empresa chama de "recesso coletivo". Soa até bonito, né? Mas todo mundo sabe que é um eufemismo para uma situação feia, muito feia. A justificativa oficial é daquelas de fazer cair o queixo: "necessidade de ajustar a produção aos níveis de demanda existentes". Em português claro: a galera parou de comprar.
O Xadrez Político e o Balanço das Empresas
É incrível como uma decisão num tribunal a milhares de quilômetros consegue gelar o sol de uma cidade gaúcha. A Taurus, que sempre surfou na onda do apoio ferrenho de Trump ao direito de porte de armas (a famosa Segunda Emenda), levou um chute no estômago. O mercado entrou em pânico, achando que o idílio de vendas robustas nos EUA poderia estar com os dias contados. E aí, o que fazer? Parar tudo.
Não é a primeira vez que a montanha-russa política americana balança a empresa, mas essa... essa foi de doer. Eles mesmos admitem, com uma frieza burocrática que assusta, que tomam essas medidas "sempre que necessário". Desta vez, foi mais que necessário. Foi vital.
O comunicado oficial tenta passar uma calma que ninguém sente. Falam em "medida de ajuste operacional" para manter a "saúde financeira" da companhia. Mas entre as linhas, dá para ler o desespero. É o tipo de manobra que você faz quando o chão some debaixo dos pés.
E Agora, José?
O que vai ser desses quase mil funcionários durante quase 50 dias? O silêncio da empresa sobre os detalhes é ensurdecedor. E o futuro? Ninguém arrisca um palpite. Tudo depende de um homem e de um sistema judicial que ninguém aqui entende direito.
Uma coisa é certa: o episódio escancara de uma vez por todas como a nossa indústia tá amarrada – com nós cegos e tudo – aos humores do cenário internacional. Um tweet, uma decisão judicial, uma eleição lá fora... e aqui, vidas viram de ponta-cabeça. O efeito Trump, mais uma vez, mostrou que sua sombra é longa e gelada. E São Leopoldo sentiu na pele.