O Banco Itaú realizou uma significativa atualização em suas projeções macroeconômicas nesta quinta-feira, 13 de novembro de 2025, apresentando um cenário mais otimista para o crescimento do país nos próximos anos, mas mantendo alertas sobre a situação fiscal.
Inflação em trajetória de queda
Em relatório divulgado à clientes, a equipe de análise econômica do Itaú reduziu sua expectativa para a inflação oficial medida pelo IPCA. Para 2025, a projeção caiu de 4,6% para 4,5%, posicionando-se exatamente no limite superior da meta de inflação, que é de 3% com tolerância de até 4,5%.
Este movimento representa uma virada importante no cenário econômico, já que no início do ano o IPCA superava os 5%, tornando improvável a perspectiva de retorno à meta. O resultado de outubro, que ficou em 4,7%, marcou o décimo terceiro mês consecutivo em que a inflação permaneceu acima do teto estabelecido.
Para 2026, o banco também ajustou suas expectativas, reduzindo a projeção inflacionária de 4,3% para 4,2%. Segundo os analistas do Itaú, a recente queda nos preços de alimentos e bens de consumo, combinada com estoques acima da média histórica, deve continuar aliviando a pressão sobre os preços no próximo ano.
PIB ganha impulso com programas sociais
No front do crescimento econômico, o Itaú elevou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2026, que passou de 1,5% para 1,7%. Para 2025, manteve a estimativa de crescimento em 2,2%.
O incremento na projeção para o próximo ano está diretamente ligado a uma série de medidas do governo federal que devem estimular a demanda. Entre os programas citados pelo banco estão:
- Ampliação do Minha Casa, Minha Vida
- Novo auxílio gás
- Expansão da gratuidade na conta de luz para famílias de baixa renda
- Mudanças nas regras do crédito imobiliário
Estes incentivos, segundo a análise, devem impulsionar o consumo e os financiamentos habitacionais, contribuindo para a aceleração da economia.
Desafios fiscais persistem
Apesar do cenário mais favorável para inflação e crescimento, o Itaú mantém uma visão cautelosa sobre as contas públicas. O banco projeta que o resultado fiscal ficará negativo em 0,6% do PIB em 2025 e deve se deteriorar ainda mais no ano seguinte, alcançando um déficit de 0,8% do PIB em 2026.
Estes números indicam que o governo não conseguirá cumprir a meta oficial de zerar o déficit neste ano e entregar um superávit de 0,25% no próximo ano. A situação garante mais dois anos de expansão da dívida pública, já que o governo precisará recorrer ao mercado para financiar suas despesas.
O Itaú ressalta que os resultados negativos incorporam gastos excluídos da contabilidade da meta fiscal, o que ajuda o governo a cumprir formalmente as regras, mas sem conseguir efetivamente equilibrar as contas. Para 2026, o banco identifica um desafio de 0,4% do PIB para o cumprimento do limite inferior da meta fiscal.
Esta revisão do Itaú se soma a um grupo crescente de instituições que começam a enxergar uma trajetória mais favorável para a inflação brasileira, enquanto os desafios fiscais permanecem como ponto de atenção para os próximos anos.