O ex-ministro da Economia Paulo Guedes fez uma análise mista sobre as reformas tributárias implementadas pelo governo Lula durante sua participação no Tax Experience 2025, evento realizado em São Paulo nesta quinta-feira, 13 de novembro de 2025.
Elogios à simplificação tributária
Em seu discurso para empresários e investidores, Guedes reconheceu aspectos positivos nas mudanças promovidas pela atual gestão. O ex-ministro do governo Bolsonaro afirmou que a simplificação dos impostos sobre consumo é benéfica, mencionando que sua equipe já havia deixado "tudo encaminhado" nessa direção.
Sobre a taxação de dividendos, Guedes foi igualmente favorável ao princípio, classificando-a como "algo natural". Ele revelou que quando estava no Palácio da Alvorada, também havia aprovado medida similar na Câmara dos Deputados, demonstrando que a proposta não era novidade em sua gestão.
Críticas à implementação prática
Entretanto, o ex-ministro foi incisivo ao apontar as falhas que, em sua visão, comprometem a eficácia das reformas. Guedes classificou a implementação da reforma tributária como "desastrosa", especialmente em relação ao longo período de transição estabelecido.
O projeto aprovado prevê que impostos como ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI sejam gradualmente substituídos por um novo tributo único até 2032, com início em janeiro de 2026. "É um absurdo", criticou Guedes. "As empresas vão ter que ter duas contabilidades durante vários anos. Tinha que fazer o projeto e começar no ano seguinte."
Proposta alternativa para dividendos
Sobre as mudanças no Imposto de Renda, Guedes defendeu sua abordagem original, que difere significativamente da implementada pelo governo Lula. Enquanto a proposta atual cria uma taxação de 10% para dividendos superiores a 50.000 reais mantendo a alíquota empresarial de 34%, o ex-ministro havia proposto algo diferente.
"A nossa contrapartida era reduzir o imposto sobre as empresas, e aí aumentava sobre os dividendos, essa era a grande ideia", explicou Guedes. Sua versão incluía taxação de até 20% sobre dividendos acompanhada da redução da alíquota empresarial de 34%.
O ex-ministro alertou que o Brasil está "na contramão do mundo" em relação à carga tributária sobre empresas. Ele destacou que, enquanto a média da OCDE caiu para 26% nos últimos trinta anos, o Brasil mantém uma das mais altas alíquotas entre as principais economias globais.
Guedes concluiu reforçando que, apesar de aprovar a direção das reformas, a execução prática dos projetos aprovados apresenta falhas significativas que podem impactar negativamente empresas e a economia brasileira durante o período de transição.