Déficit recorde: estatais federais têm rombo de R$ 6,3 bilhões em 2023
Estatais federais têm déficit recorde de R$ 6,3 bi em 2023

As empresas estatais controladas pela União fecharam os primeiros onze meses de 2023 com um resultado financeiro negativo histórico. Segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (30), o déficit acumulado atingiu R$ 6,3 bilhões, o pior desempenho para o período desde o início da série histórica em 2009.

Entenda a série histórica e o recorde negativo

A comparação atual começou em 2009, quando a metodologia do BC foi alterada. A partir daquele ano, grandes empresas federais como Petrobras e Eletrobras deixaram de ser contabilizadas no indicador. A mudança ocorreu porque essas companhias possuem regras de governança diferenciadas e se assemelham mais a corporações privadas de capital aberto.

O rombo de 2023 supera em R$ 300 milhões o déficit registrado no mesmo intervalo de 2022, que foi de R$ 6 bilhões. A situação representa uma forte reversão em relação aos anos anteriores. Em 2021, por exemplo, o saldo foi superavitário em R$ 3,2 bilhões, e em 2022, o superávit foi ainda maior, chegando a R$ 4,5 bilhões. Em 2023, até novembro, o saldo negativo foi de R$ 343 milhões.

Justificativas do governo e o peso da crise dos Correios

O governo federal tem argumentado que parte da explicação para o aumento do déficit está no crescimento dos investimentos realizados pelas estatais. De acordo com a visão oficial, a ampliação de gastos em infraestrutura e outros projetos estratégicos impacta temporariamente os resultados financeiros.

No entanto, a grave crise enfrentada pelos Correios exerceu um papel significativo na piora do resultado agregado. A empresa, que atravessa sérias dificuldades operacionais e financeiras, contribuiu para ampliar o rombo total das estatais federais no ano.

Comparativo e o contexto econômico

A evolução dos números mostra uma trajetória de deterioração rápida nos últimos anos. A passagem de um superávit robusto para um déficit recorde em um curto espaço de tempo levanta questionamentos sobre a gestão e a sustentabilidade financeira do conjunto de empresas estatais.

Os dados do Banco Central servem como um importante termômetro da saúde financeira das empresas controladas pela União, excluídas as gigantes de capital aberto. O resultado influencia a percepção sobre a política econômica e a gestão do patrimônio público.

Especialistas devem analisar se o aumento dos investimentos, como alegado pelo governo, será capaz de gerar retornos futuros que compensem o prejuízo atual, ou se o déficit reflete problemas estruturais mais profundos em algumas das empresas, como parece ser o caso dos Correios.