Governo planeja 13 leilões de rodovias federais em 2026, encerrando ciclo
13 leilões de rodovias federais previstos para 2026

O Ministério dos Transportes prepara uma maratona final de leilões para o setor rodoviário em 2026, um ano que também será marcado pelas eleições federais. A pasta planeja conceder 13 novas concessões de rodovias federais, fechando um ciclo de projetos que começou em 2023.

Mercado aquecido atrai concorrência mesmo em ano eleitoral

Apesar do calendário político, a expectativa do governo e de analistas do mercado é de que os leilões atraiam concorrência. A secretária nacional de Transportes Rodoviários, Viviane Esse, avalia que o fato de serem os últimos projetos de concessões "puras" no horizonte próximo gera uma pressão competitiva positiva. "Temos empresas que estudam diferentes projetos desde 2023, mas que ainda não levaram nenhum ativo e querem ganhar uma concessão", afirmou.

A estratégia do Ministério foi distribuir 35 projetos ao longo de quatro anos, com maior volume nos anos finais, para dar previsibilidade ao mercado e testar sua capacidade de absorção em termos de mão de obra, insumos e equipamentos.

Investimentos bilionários e contratos "mais apimentados"

Se todos os leilões de 2026 forem realizados, o governo igualará o número recorde de certames deste ano. Nos últimos quatro anos, 20 projetos já foram concedidos, somando R$ 223 bilhões em investimentos. Desse total, R$ 133 bilhões são aportes diretos (capex) e o restante se refere a despesas operacionais (opex).

Para Rogério Yamashita, do Itaú BBA, os projetos com menores riscos foram leiloados primeiro. "Os que virão tendem a ser um pouco mais apimentados, o que exigirá maior discussão sobre mecanismos de mitigação de riscos", disse. No entanto, ele ressalta que, quando bem estruturados, esses projetos são bem aceitos pelo mercado financiador.

Especialistas acreditam que o cenário de juros elevados não inviabiliza as concessões, estruturadas para prazos longos de 30 a 35 anos, que já preveem flutuações na economia.

Repactuações atraem interesse e reduzem riscos

Dos 13 leilões previstos para 2026, seis envolvem a repactuação de contratos já existentes, um mecanismo criado em 2025 para ajustar concessões consideradas "estressadas" sem necessidade de judicialização. Após o reequilíbrio, a concessionária atual precisa disputar o ativo novamente em leilão.

Em 2025, o governo realizou os quatro primeiros leilões desse tipo. Em três deles, as operadoras atuais mantiveram as concessões sem concorrência. No entanto, o leilão da Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, teve disputa acirrada, indicando que esses contratos otimizados também podem ser atrativos.

"São ativos com receita e tráfego já conhecidos, o que reduz risco", explicou Viviane Esse. Ela adiantou que o leilão da Régis Bittencourt, previsto para 2026, já desperta interesse significativo, inclusive de uma empresa portuguesa.

O advogado especialista em infraestrutura, Fernando Vernalha, reforça que as concessões tradicionalmente avançam em anos eleitorais porque não geram compromissos fiscais diretos para o poder público, mantendo o otimismo em torno da conclusão bem-sucedida deste ciclo de investimentos em infraestrutura rodoviária.