
O cenário não está nada favorável para os criadores de tilápia no Brasil. Os preços do peixe mais popular do país derreteram como sorvete no verão, pressionados por uma combinação perigosa: estoques abarrotados e consumidores com o pé no freio.
Segundo dados do setor, a queda já passa dos 15% em algumas regiões — um tombo que deixaria até os peixes de boca aberta. "A gente tá nadando contra a corrente", desabafa um produtor de Paranaguá, que prefere não se identificar. "Os custos de ração continuam altos, e agora isso..."
O que está por trás da crise?
Três fatores principais explicam essa maré baixa:
- Excesso de produção: Muitos piscicultores aumentaram a criação durante a pandemia, antecipando alta demanda que não se concretizou
- Inverno rigoroso: As temperaturas mais baixas reduziram o apetite por peixes em várias regiões
- Concorrência acirrada: Outras proteínas animais, como frango e ovos, estão com preços mais atrativos
Curiosamente, enquanto os produtores sofrem, os consumidores poderiam estar sorrindo — mas parece que nem isso. "O pessoal tá com a corda no pescoço", analisa a economista Marina Lopes. "Mesmo com alimentos mais baratos, o poder de compra não acompanha."
E agora, José?
Para os especialistas, o mercado deve continuar sob pressão pelo menos até o próximo trimestre. Algumas alternativas sendo discutidas:
- Diversificação para cortes nobres (filés e postas)
- Busca por novos mercados internacionais
- Programas governamentais de apoio à comercialização
Enquanto isso, nos açougues e peixarias, a tilápia brilha nas prateleiras com preços tentadores. "Tá dando pra fazer um baita peixada sem gastar muito", comemora a dona de casa Rosângela Silva, de Curitiba. Mas será que os produtores conseguirão sobreviver a essa onda? Só o tempo — e o mercado — dirão.