Tarifaço ameaça indústria pesqueira: setor busca novos mercados para evitar demissões em massa
Tarifaço ameaça indústria pesqueira; setor busca saídas

O que era para ser apenas mais um ajuste fiscal virou um terremoto no setor pesqueiro. Desde que o governo anunciou o aumento das tarifas de exportação — o famoso "tarifaço" —, as fábricas de processamento de peixe entraram em modo de emergência. E não é exagero: algumas já estão com os dias contados se não se adaptarem rápido.

"É como tentar nadar contra uma correnteza com as mãos amarradas", desabafa um gerente industrial de Santa Catarina que prefere não se identificar. O estado, responsável por quase 70% da produção nacional, está no olho do furacão.

O jogo virou

Antes, os principais compradores — Estados Unidos, China e União Europeia — garantiam o sustento do setor. Agora, com os preços subindo por causa das novas taxas, esses mercados tradicionais estão fechando as portas. Literalmente.

  • Exportações para a UE caíram 22% só no último trimestre
  • Encomendas dos EUA diminuíram 15%
  • China ameaça reduzir compras em 30% até o fim do ano

E não adianta chorar o leite derramado. Ou melhor, o peixe que não foi vendido. As empresas estão tendo que se reinventar da noite para o dia.

Caça às alternativas

Enquanto alguns ainda esperam por negociações diplomáticas (sonho?), outros já partiram para a ação. O alvo? Mercados menos óbvios:

  1. Oriente Médio: Arábia Saudita e Emirados Árabes mostraram interesse inesperado
  2. África: Nigéria e Angola emergem como opções viáveis
  3. Sudeste Asiático: Vietnã e Tailândia podem ser a salvação

Mas não é tão simples quanto parece. Cada um desses mercados tem suas exigências bizarras — desde certificações religiosas até padrões de embalagem que ninguém aqui estava preparado para atender.

"É como aprender a nadar sendo jogado no mar aberto", brinca — sem graça — uma exportadora do Paraná que já teve três containers devolvidos por "erros burocráticos".

O preço humano

Por trás de todos os números, há uma realidade dura: 15 mil empregos diretos estão na corda bamba. Nas cidades litorâneas, onde a indústria pesqueira é a principal empregadora, o clima é de apreensão.

Maria, operária há 12 anos em uma fábrica no Nordeste, conta que os funcionários estão fazendo até vaquinha para tentar segurar as pontas: "A gente sabe que se demitirem 20%, os outros 80% ficam com medo de ser os próximos".

Enquanto isso, os sindicatos pressionam por medidas emergenciais, mas o governo parece mais preocupado em equilibrar as contas públicas do que em salvar empregos — pelo menos é o que dizem os boatos nos corredores das associações comerciais.

E agora?

Algumas empresas estão tentando se reinventar:

  • Investindo em produtos com maior valor agregado (que pagam menos tarifa)
  • Buscando parcerias com varejistas locais
  • Até migrando parte da produção para outros tipos de proteína

Mas a verdade é que ninguém tem uma bola de cristal para prever como essa história vai terminar. Uma coisa é certa: o setor que sempre navegou em águas calmas agora enfrenta sua tempestade perfeita.

E você, acha que o governo deveria rever essas tarifas antes que seja tarde demais? Ou o mercado realmente precisa aprender a se virar sozinho? Difícil dizer, mas uma coisa é certa — o cheiro de peixe está ficando cada vez mais forte nos corredores do poder.