
Não é moleza para quem vive do campo. Enquanto o termômetro dispara, os produtores de cana-de-açúcar veem o suor escorrer não só pelo calor, mas pela preocupação. A safra 2025/2026 promete ser das mais desafiadoras dos últimos anos — e olha que esse pessoal já está acostumado a lidar com imprevistos.
Tempo seco, bolso mais seco ainda
Parece piada de mau gosto: justo quando os preços dos insumos decolaram, as chuvas resolveram dar uma "férias prolongadas". Resultado? Plantios atrasados, desenvolvimento irregular e aquela sensação de estar enxugando gelo. (E olha que gelo é algo raro nessas regiões ultimamente).
Os números assustam:
- Queda de 15% na produtividade em áreas não irrigadas
- Custos de produção até 30% mais altos que na última safra
- Previsão de redução na moagem em vários estados
O lado B da crise
Mas nem tudo está perdido. Alguns produtores — aqueles que sempre foram meio desconfiados das previsões meteorológicas — investiram pesado em irrigação. E agora? Colhem os frutos (ou melhor, os talos) enquanto os vizinhos torcem por uma milagrosa virada no clima.
"A gente sabe que canavial não é planta de apartamento, precisa de cuidado", brinca João da Silva, produtor de Ribeirão Preto. Mas até ele admite: "Tá difícil segurar a onda com os preços dos fertilizantes nas alturas".
O mercado não ajuda
Se o clima fosse o único vilão, até dava para respirar. Mas o cenário econômico parece ter entrado em conspiração contra o setor:
- Oscilações bruscas nos preços do açúcar no mercado internacional
- Demanda por etanol instável — ora falta, ora sobra
- Custos logísticos que não param de subir
E tem mais: os especialistas alertam que essa "tempestade perfeita" pode afetar toda a cadeia produtiva, dos pequenos fornecedores às grandes usinas. Quem viver, verá.
Enquanto isso, os produtores seguem na labuta diária, entre a esperança de dias melhores e a realidade de um setor que — como a própria cana — precisa ser resistente para sobreviver.