
Imagine o pôr do sol tingindo o cerrado de dourado enquanto o som de cascas no chão seco anuncia uma tradição que resiste ao tempo. Foi assim neste último sábado, em Alto Alegre, Roraima — uma cena que parecia saída de um romance regional, mas era pura realidade.
Mais de 200 cavaleiros e amazonas, sabe? Gente de verdade, com botas empoeiradas e sorrisos largos, transformaram a estrada poeirenta do Paredão num palco vivo de cultura. E não era qualquer evento: era a 5ª Cavalgada em Honra aos Produtores Rurais e Vaqueiros, e olha, faltou espaço até pra tanta emoção.
Uma festa que é pura raiz
O prefeito Júlio Martins — que, diga-se de passagem, não ficou só no discurso, mas botou a mão na massa (ou no freio da rédea) — não escondia o orgulho. "A gente não tá só celebrando o presente", disse ele, puxando o chapéu de couro pra trás. "A gente tá garantindo que o futuro vai lembrar de onde veio." E não é exagero: eventos assim são como raízes profundas, segurando a identidade de um povo que muitas vezes o asfalto esquece.
E não parou por aí. Teve desfile, é claro, mas também:
- Arraiá a céu aberto, com comidas típicas que fariam qualquer cidade grande morrer de inveja
- Apresentações culturais que contaram histórias sem precisar de uma palavra sequer
- Música ao vivo, porque pra que som gravado quando se tem voz e viola de verdade?
E o povo? Ah, o povo abraçou. Famílias inteiras, crianças com olhos brilhantes, anciãos que lembravam de outras cavalgadas, de outras décadas. Parecia que todo mundo ali sabia que aquilo era mais que um passeio — era um ato de resistência cultural.
Por que isso importa em 2025?
Num mundo obcecado por digital e velocidade, ver uma comunidade parar pra celebrar o ritmo lento do campo... bem, isso é quase revolucionário. E não é só sobre nostalgia — é sobre economia também. Esses produtores rurais são a espinha dorsal de muita coisa que chega na nossa mesa, mas a gente nem sempre lembra.
"A gente trabalha o ano todo sob sol e chuva", contou um dos vaqueiros, enquanto ajustava as rédeas. "Um dia de reconhecimento aquece a gente pro resto do mês." E dá pra entender — valorizar quem produz é valorizar o próprio sustento.
O evento rolou das 8h às 17h, mas o sentimento — esse vai ficar. A organização prometeu que vem mais por aí, e a cidade já espera a próxima edição como quem espera chuva depois de seca.
No final das contas, a cavalgada de Alto Alegre foi mais que um evento; foi um lembrete. Um daqueles raros momentos em que o campo volta a ser protagonista, e a cidade para pra aplaudir. E no meio do pó e do suor, uma coisa ficou clara: algumas tradições merecem mesmo cavalgar para sempre.