
A coisa tá ficando séria no tabuleiro do comércio internacional. Enquanto o Mercosul espera ansioso pela conclusão do acordo com a União Europeia, os europeus preparam suas cartas na manga - e que cartas!
Parece que a UE decidiu jogar com as regras bem claras desde o início. Eles criaram um pacote de medidas que, vamos combinar, deixa o caminho bem mais espinhoso para nossos produtos agrícolas. Não é exagero dizer que estão montando uma verdadeira fortaleza para proteger seus agricultores.
As armas secretas da Europa
O que me chamou atenção foi a criatividade - ou seria cautela excessiva? - dos europeus. Eles não estão brincando em serviço quando o assunto é proteger seu setor rural. A proposta inclui desde mecanismos automáticos de defesa até critérios ambientais que beiram o impossível.
Imagine só: se as importações do Mercosul ultrapassarem certos limites, puf! - as tarifas voltam automaticamente. Nem precisa de burocracia, nem de análise demorada. É quase como ter um guarda-costas permanente na fronteira.
O jogo duplo das salvaguardas
E não para por aí. As tais salvaguardas bilaterais são particularmente interessantes. Funcionam assim: se um produto específico - digamos, carne bovina ou etanol - começar a "incomodar" muito o mercado europeu, eles podem simplesmente puxar o freio de emergência.
É como ter um botão do pânico para cada produto. Conveniente para eles, né? Mas e para nós, que queremos vender?
- Mecanismos de defesa automáticos que reativam tarifas
- Salvaguardas bilaterais por produto específico
- Critérios ambientais e sanitários ultra-rigorosos
- Monitoramento constante dos fluxos comerciais
Não me leve a mal, entendo perfeitamente que cada um cuida do seu. Mas às vezes dá a impressão de que querem o acordo, mas sem o comércio de verdade. É meio contraditório, não acha?
A questão ambiental: o calcanhar de Aquiles?
Agora, o que realmente me preocupa são os tais critérios ambientais. A UE quer praticamente uma auditoria permanente sobre nossas práticas sustentáveis. E olha, com a fama que o Brasil carrega nessa área - muitas vezes injusta, diga-se de passagem - isso pode virar um problema sério.
Parece que qualquer deslize, real ou imaginário, pode servir de justificativa para fechar as portas. É quase como se estivessem procurando motivos para dizer não.
E tem mais: os europeus querem garantir que seus próprios agricultores tenham tempo suficiente para se adaptar à nova realidade competitiva. Traduzindo: vamos abrir as portas, mas bem devagarinho, quase imperceptivelmente.
E agora, José?
O que me deixa pensativo é o timing de tudo isso. Justo agora, quando o acordo parecia finalmente engrenar, surgem essas exigências todas. Será estratégia negociadora legítima ou tentativa de adiar o inevitável?
Uma coisa é certa: o Mercosul vai ter que se preparar muito bem para essa batalha. Não dá pra chegar na mesa de negociação com discurso pronto e poucos argumentos concretos. Precisamos de dados, estudos, contrapropostas inteligentes.
Porque, vamos combinar, os europeus não estão dando ponto sem nó. E quem esperava um acordo fácil, melhor repensar suas expectativas. A estrada até a assinatura final promete ser longa e cheia de obstáculos.
No fim das contas, todo mundo quer proteger seus interesses. A questão é encontrar o equilíbrio onde todos saiam ganhando - ou pelo menos, onde ninguém saia perdendo demais. Mas confesso que, vendo as propostas atuais, fico com um pé atrás sobre quem sairá melhor nessa história.