
O clima entre os exportadores brasileiros? Cautela extrema. Aquele ânimo de meses atrás parece ter evaporado como café esquecido no bule. E o motivo é simples: o aumento das tarifas de exportação para os Estados Unidos deixou todo mundo com o pé atrás.
Quem trabalha no setor — e sabe como ninguém que timing é tudo — está adiando viagens que antes eram tratadas como prioridade. "Melhor esperar para ver", diz um empresário do ramo de café, enquanto ajusta as contas no papel. E ele não está sozinho nessa.
O jogo das tarifas
Quando Washington decidiu aumentar as taxas, o efeito foi imediato. Dólar oscilando, planos sendo revistos na última hora, e aquela sensação de que o chão pode abrir a qualquer momento. Nada muito diferente daquela ansiedade antes de abrir o boletim de notas, só que em escala multimilionária.
Alguns números que fazem pensar:
- Quase 40% dos exportadores consultados mudaram seus planos de viagem
- Reuniões importantes estão sendo realizadas por videoconferência
- Otimismo? Bem mais contido que no primeiro semestre
Não é exatamente um cenário catastrófico, mas definitivamente não é o mar de rosas que muitos esperavam. "Tá todo mundo com a faca e o queijo na mão, mas sem saber onde cortar", brinca — sem muita graça — um consultor de comércio exterior.
E agora?
Enquanto os gabinetes em Brasília tentam negociar (com aquela mistura típica de esperança e ceticismo), os empresários fazem suas apostas. Alguns estão diversificando mercados — porque colocar todos os ovos num cesto só nunca foi boa ideia. Outros seguem na defensiva, como jogadores de pôquer segurando cartas ruins.
O que ninguém discute é a importância do mercado americano. Mas entre a teoria e a prática... bem, aí mora o imposto. Literalmente.
Para os próximos meses, a palavra de ordem parece ser paciência. E talvez um estoque extra de café — porque as noites de sono? Essas podem ficar mais curtas.