
Parece contraditório, não é? A gente colhe tanto, trabalha tanto, e no final… o preço não acompanha. É exatamente esse o cenário que se desenha para a soja nesta safra 24/25. Um volume absurdo de grãos saindo das lavouras – coisa de recorde mesmo – está simplesmente travando qualquer chance de valorização no mercado interno. E o produtor, claro, fica lá, no meio do fogo cruzado.
Os armazéns estão abarrotados, os silos estão estufados. É tanta soja que o mercado físico, aquele do dia a dia, perdeu totalmente a pressão. Quem precisa comprar urgentemente? Quase ninguém. A oferta é tanta que os compradores podem ficar de braços cruzados, esperando o preço cair ainda mais – e isso, meu amigo, é um pesadelo para quem precisa vender para fechar as contas.
O Jogo de Espera que Enlouquece
E aí entra aquele jogo psicológico danado. O produtor, vendo o preço baixo, segura a produção. “Ah, vou esperar um pouco, deve melhorar.” Só que todo mundo está fazendo a mesma coisa! Essa espera coletiva cria uma bomba-relógio de oferta reprimida. Qualquer sinal de alta, mesmo que mínimo, pode liberar uma enxurrada de grãos no mercado, derrubando tudo de novo num piscar de olhos. É um ciclo vicioso dos infernos.
Não é só uma percepção, tá? Os números gritam. Os estoques estão lá em cima, muito acima da média para esta época do ano. E quando você tem uma commodity com oferta tão folgada assim, a lei básica do mercado entra em ação: muita oferta e demanda constante? Preço cai. Ponto final. E a gente se pergunta: cadê a tal valorização?
E o Mercado Externo? Dá uma Esperança?
Até poderia, mas aí a gente esbarra em outra pedra. A concorrência com outros países produtores está feroz. E a logística… bem, a logística brasileira é um capítulo à parte, cheio de complicações e custos que tiram qualquer vantagem que a gente poderia ter. Então, mesmo que o mercado internacional mostre algum apetite, escoar toda essa produção com lucro é um desafio hercúleo.
O futuro? Cautela e olhos bem abertos. A menos que algo drástico aconteça – uma quebra de safra em algum competidor gigante, uma guinada inesperada na demanda global –, a tendência é que essa pressão de baixa nos preços continue assombrando o mercado interno por um bom tempo. O produtor vai ter que ser mais esperto do que nunca, administrando seus custos e jogando com o timing de venda para não sair no prejuízo.
No fim das contas, a supersafra trouxe uma riqueza que, ironicamente, não consegue se converter em valor. Uma abundância que, em vez de celebrar, preocupa. O campo produz como nunca, mas o retorno… bem, esse ainda está longe do ideal.