O município de Várzea Grande, localizado na região metropolitana de Cuiabá, continua figurando entre as piores cidades do Brasil em termos de saneamento básico. A constatação é do mais recente Ranking do Saneamento, divulgado pelo Instituto Trata Brasil nesta segunda-feira (1º).
Estagnada na 12ª posição
O estudo, que analisa os 100 municípios mais populosos do país, coloca Várzea Grande na 12ª posição da lista das 20 piores cidades em indicadores de saneamento em 2025. Esta é a 17ª edição do levantamento, que utiliza dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), com ano-base de 2023, publicados pelo Ministério das Cidades.
A posição revela uma estagnação preocupante. No ranking anterior, divulgado em 2023, a cidade já ocupava a mesma 12ª colocação. Uma análise retrospectiva mostra que, em 2021, referente a dados de 2014 a 2021, Várzea Grande estava em situação ainda mais crítica, aparecendo em 8º lugar entre os piores. Na ocasião, o estudo apontou que o município não havia aplicado o dinheiro arrecadado especificamente para a área de saneamento.
Investimento aquém do necessário
O relatório do Trata Brasil avalia desde o volume de recursos aplicados até os avanços nos principais indicadores. Um dado alarmante é o nível de investimento dos municípios que estão no grupo dos 20 piores. Entre 2019 e 2023, essas cidades investiram, em média, apenas R$ 78,40 por habitante por ano.
Esse valor está 65% abaixo do patamar considerado necessário para avançar rumo à universalização dos serviços, que é estimado em R$ 223,82 por habitante. A falta de recursos adequados é um dos principais entraves para a melhoria da infraestrutura de água e esgoto nessas localidades.
Cuiabá: um contraste na mesma região
Enquanto Várzea Grande enfrenta dificuldades, a capital Cuiabá apresenta um cenário completamente diferente. Segundo o mesmo levantamento, Cuiabá foi a única capital brasileira a superar o patamar ideal de investimento por habitante para universalização do saneamento.
A capital investiu a expressiva quantia de R$ 415,02 por habitante, valor quase o dobro do necessário e superior ao aplicado por grandes capitais como São Paulo (R$ 198,97) e Campo Grande (R$ 195,31), que ocupam a segunda e terceira posições no ranking de investimento, respectivamente.
No entanto, Cuiabá ainda enfrenta desafios. No indicador de perdas na distribuição de água, a capital aparece na 95ª posição, com nota 4,51. Este índice mede a relação entre a água produzida e a que efetivamente chega às residências. Quanto menor a porcentagem de perdas, melhor a classificação. A pontuação da capital nesse quesito foi de 55,49.
Em nota, a concessionária Águas Cuiabá atribuiu as perdas a redes antigas, áreas irregulares e alta ocorrência de fraudes no sistema de abastecimento. A empresa afirmou que o município registra atualmente 46% de perdas pontuais, o que representa uma redução de 7% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O g1 tentou contato com a Secretaria responsável em Várzea Grande para obter um posicionamento sobre o ranking, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
O estudo do Instituto Trata Brasil reforça que o ranking segue sendo uma ferramenta essencial para identificar boas práticas, apontar gargalos estruturais e orientar políticas públicas e decisões estratégicas para a efetiva universalização do saneamento básico no Brasil.