
Era pra ser um avanço, mas virou motivo de debate acalorado. O prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), decidiu cortar pela raiz um projeto de lei que daria um respiro emocional a servidores municipais em luto por seus animais de estimação. A justificativa? Segundo o chefe do executivo, a medida criaria "ônus excessivo à administração pública".
O texto — que já havia sido aprovado pela Câmara Municipal — garantia um dia de folga remunerada para quem perdesse cães, gatos ou aves de companhia. Sim, você leu certo: até passarinhos entravam na conta. Mas o que parecia uma simples questão burocrática esbarrou em discussões bem mais profundas.
O lado humano da moeda
Pra quem nunca teve um pet, pode parecer exagero. Mas quem já perdeu um companheiro de quatro patas sabe — a dor é real, palpável, muitas vezes comparável à perda de um familiar. "É como se arrancassem um pedaço da gente", desabafa Maria (nome fictício), servidora há 15 anos na prefeitura, que preferiu não se identificar.
Do outro lado, a prefeitura alega que o veto buscou evitar abusos e manter o equilíbrio financeiro. Afinal, como definir quais animais mereceriam o benefício? Um hamster vale menos que um golden retriever? E os peixes? As perguntas se multiplicam.
Números que falam
- Natal tem aproximadamente 25 mil servidores municipais
- 62% dos domicílios potiguares possuem pelo menos um animal de estimação
- Projeto similar já foi aprovado em cidades como São Paulo e Curitiba
Curiosamente, o veto acontece num momento em que o vínculo entre humanos e pets nunca foi tão valorizado. Só pra ter ideia, o mercado pet brasileiro faturou R$ 60 bilhões em 2024 — mais que muitas indústrias tradicionais.
E agora? Os vereadores podem tentar derrubar o veto, mas precisariam de maioria qualificada. Enquanto isso, o debate esquenta nas redes sociais, dividindo opiniões entre "humanização excessiva" e "reconhecimento necessário".
Uma coisa é certa: em tempos onde pets são tratados como filhos, a discussão sobre direitos trabalhistas e luto animal está longe de terminar. E você, o que acha? Merecemos um dia pra chorar nossos bichinhos?