Quatro torcedores do Palmeiras transformaram sua paixão pelo futebol em uma verdadeira odisseia pelas estradas da América do Sul. Eles partiram de Ilha Solteira, no interior de São Paulo, rumo a Lima, no Peru, para assistir à final da Libertadores no último sábado (29).
A jornada épica dos palmeirenses
Os amigos Ricardo Michelan da Silva, 49 anos, Léo Cezar Mendes Lima, 43 anos, Rafael Dias, 39 anos, e Diego Carvalho, 38 anos, iniciaram sua aventura no domingo (23) a bordo de uma Kombi modelo 2013. O veículo, tratado como mais um integrante do grupo, já havia participado de outras jornadas futebolísticas.
A viagem começou com planos ambiciosos: percorrer os 4,7 mil quilômetros que separam Ilha Solteira de Lima totalmente de Kombi. No entanto, o destino reservava surpresas para os aventureiros palmeirenses.
Problemas no caminho e soluções criativas
Após rodarem 2,5 mil quilômetros com sucesso, o motor da Kombi apresentou problemas graves em Joaquín Víctor González, na Argentina. O grupo se viu obrigado a improvisar para não perder a tão esperada final.
Diante do imprevisto, os amigos compraram passagens de ônibus até Salta, também na Argentina. Mas a solução definitiva para chegar a tempo ao Peru veio pelos ares: precisaram investir em passagens aéreas para concluir o trajeto.
A viagem, que já custou R$ 30 mil até o momento da reportagem, foi finalmente concluída na quinta-feira (27), após quatro intensos dias de jornada.
Histórico de aventuras alviverdes
Esta não era a primeira vez que o grupo encarava uma missão ousada para acompanhar seu time do coração. A ideia nasceu em 2019, quando Ricardo e Léo combinaram de ir a uma final do Palmeiras.
Em 2021, o sonho se concretizou quando foram até São Paulo de Kombi para assistir a um jogo em Montevidéu, no Uruguai. Naquela ocasião, já haviam enfrentado contratempos com documentação de vacinação contra Covid-19, precisando retornar 15 quilômetros para regularizar a situação com a Polícia Federal.
Desta vez, o planejamento começou assim que souberam da classificação do time para a final. Como revelou Ricardo ao g1, itens essenciais não podiam faltar: "positividade e animação, mesmo com os perrengues, e, óbvio, uma bandeira do Palmeiras, que esquecemos na outra viagem".
Durante o trajeto bem-sucedido da Kombi, a alimentação era feita apenas durante as paradas para abastecimento, enquanto o descanso acontecia em barracas ou hotéis.
Desafios linguísticos e expectativas
Em um ambiente com cultura e idioma completamente diferentes, ter um amigo que entendia um pouco do espanhol fez total diferença para o grupo. A experiência mostrou que a paixão pelo futebol pode unir pessoas além das barreiras linguísticas.
A expectativa para a final só aumentava com a proximidade do local e dia do jogo, como comentou Ricardo. A emoção de ver seu time em uma decisão continental superava todos os obstáculos enfrentados no caminho.
Quanto ao retorno, os planos precisaram ser refeitos completamente. O grupo pretende voltar de ônibus até a cidade onde a Kombi quebrou, tentar seguir com o veículo consertado até Foz do Iguaçu - percurso de 1,2 mil quilômetros - e finalmente guinchá-lo até Ilha Solteira.
A "Odisseia dos Porcos", como carinhosamente batizaram sua aventura, comprova que a paixão pelo futebol move montanhas - ou, neste caso, faz torcedores cruzarem fronteiras superando todos os tipos de contratempos.