Um frigorífico de Goiás se tornou alvo de discussões nas redes sociais após utilizar um helicóptero para distribuir carne para moradores de Aparecida de Goiânia, na véspera de Natal. A ação, que dividiu opiniões, não é a primeira polêmica envolvendo a empresa, que recentemente foi processada pelo Ministério Público devido a um cartaz com conteúdo político em suas instalações.
Distribuição aérea gera debate nas redes sociais
Na quarta-feira, dia 24 de dezembro, o empresário Leandro Batista Nóbrega, proprietário do Frigorífico Goiás, promoveu uma ação incomum. Um vídeo que circulou amplamente mostra um helicóptero da empresa sobrevoando uma área de pasto enquanto jogava pacotes de carne. Uma multidão de pessoas aparece correndo atrás dos alimentos que caíam do céu.
A cena gerou reações opostas entre os internautas. Enquanto alguns elogiaram a iniciativa de doação em época natalina, outros criticaram veementemente o método utilizado, considerando-o humilhante para a população carente. "Pode até ter boas intenções, mas da forma como foi feito, foi uma humilhação para a população", comentou uma usuária nas redes sociais.
Em nota oficial, a empresa justificou a decisão de usar o helicóptero por critérios de segurança. A organização alegou que tentou estabelecer uma fila ordenada, especialmente para crianças, mas que alguns adultos não colaboraram, criando uma situação de risco que levou à opção pela distribuição aérea.
Histórico de polêmicas com cartazes políticos
Esta não é a primeira vez que o Frigorífico Goiás chama atenção por motivos além do comércio de carnes. Em setembro deste ano, o estabelecimento já havia sido alvo de uma ação judicial devido a um cartaz colocado em uma de suas unidades. A placa continha a frase "Petista aqui não é bem-vindo".
O caso chegou ao Poder Judiciário após uma denúncia do deputado estadual Mauro Rubem, do PT. O parlamentar afirmou que se tratava de uma placa discriminatória contra filiados ou simpatizantes do Partido dos Trabalhadores. Na época, o empresário Leandro Batista Nóbrega defendeu-se dizendo que o estabelecimento nunca proibiu a entrada de clientes por motivos políticos, religiosos ou de torcida, e que todos eram bem tratados. Ele também afirmou que o cartaz havia sido retirado antes mesmo da decisão judicial.
Após a determinação da Justiça, a empresa substituiu a mensagem por outra: "Ladrão aqui não é bem-vindo. Quem apoia ladrão também não". No entanto, em outubro, a Justiça determinou novamente a retirada deste novo cartaz, aplicando uma multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento, com limite total de R$ 100 mil.
Empresa conhecida por cortes especiais com figuras políticas
O Frigorífico Goiás possui quatro pontos de venda na capital Goiânia e se tornou conhecido no mercado por uma linha peculiar de produtos. A empresa comercializa picanhas que trazem rostos de personalidades políticas marcadas na gordura do corte. Entre as figuras já estampadas nas carnes estão o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; o presidente da Argentina, Javier Milei; o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro; e o senador Flávio Bolsonaro.
A combinação entre a distribuição aérea de carne, as polêmicas envolvendo cartazes de conteúdo político e a comercialização de produtos com conotinação ideológica mantém o frigorífico em constante evidência, misturando marketing, ação social e posicionamento político de maneira incomum no setor alimentício goiano.
O caso do cartaz continua tramitando na Justiça, enquanto as imagens da distribuição de carne por helicóptero continuam a gerar debate sobre a forma mais adequada de realizar ações de responsabilidade social e caridade, especialmente em datas comemorativas como o Natal.