A espanhola Cecília Giménez, que ficou mundialmente conhecida após uma tentativa amadora de restauração da pintura 'Ecce Homo', faleceu nesta segunda-feira, 29 de dezembro de 2025. Ela tinha 94 anos e vivia na cidade de Borja, na Espanha. A informação sobre sua morte foi confirmada pelo prefeito local, mas a causa não foi divulgada.
Da tentativa de preservação ao meme global
Cecília Giménez era uma frequentadora assídua do Santuário da Misericórdia em Borja, local onde a obra do início do século XX estava exposta. Preocupada com os danos causados pela umidade, pelo sol e pela ação do tempo, ela decidiu fazer pequenos retoques na pintura ao longo de anos. O resultado, no entanto, foi uma transformação radical e inesperada da imagem original de Jesus Cristo.
A nova aparência da obra, totalmente descaracterizada, foi fotografada e rapidamente se espalhou pela internet em 2012. A imagem se tornou um dos memes mais virais da década, gerando uma onda de piadas e fortes críticas direcionadas à idosa restauradora. Inicialmente, Cecília ficou abalada com a repercussão negativa e o escárnio mundial.
Uma nova perspectiva com o passar dos anos
Com o tempo, a visão de Cecília sobre o episódio mudou. Em uma entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian em 2015, ela defendeu sua ação. Giménez argumentou que, sem seus cuidados ao longo de mais de vinte anos, a pintura provavelmente teria se perdido completamente devido à deterioração.
Ela também destacou um lado positivo inesperado da polêmica: a fama trouxe turistas para Borja. "A restauração colocou Borja no mapa mundial. Fiz algo pela minha aldeia que ninguém mais conseguiu. Tantas pessoas vieram aqui – e à nossa bela igreja – para ver a pintura", afirmou na ocasião. O caso, de fato, transformou a pequena cidade em um ponto de interesse turístico curioso.
O legado de uma intervenção única
A história de Cecília Giménez transcende o simples anedotário da internet. Ela levanta debates sobre preservação do patrimônio, o papel das comunidades na manutenção de suas igrejas e a imprevisível dinâmica da cultura viral. Sua tentativa de restauração, embora criticada por especialistas, partiu de uma genuína intenção de cuidar de um bem que ela considerava importante.
A morte de Cecília encerra o capítulo humano por trás de uma imagem que marcou a cultura digital. Seu nome ficará para sempre associado ao 'Ecce Homo' de Borja, uma obra que, graças a ela, ganhou uma segunda vida – ainda que bem diferente da primeira – e um lugar peculiar na história da arte e da internet.