Uma força-tarefa humanitária está transformando o acesso à saúde em regiões remotas do Pará. A ONG Zoé, sediada em São Paulo, mobilizou cerca de 40 voluntários para uma expedição que atende comunidades em Belterra e na aldeia indígena Zo'é, localizada no município de Óbidos.
Missão de saúde em duas frentes
Os trabalhos começaram no dia 28 de novembro e se estendem pela primeira semana de dezembro. A ação é dividida em duas frentes principais. Uma equipe especializada, composta por dois cirurgiões e um anestesista, seguiu de avião de pequeno porte para a comunidade Zo'é. O objetivo era realizar quatro cirurgias laparoscópicas de vesícula, contando com o apoio da Fundação Dieter Morszeck e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai).
O médico Marcelo Averbach explicou a importância de levar o atendimento até a aldeia. "Retirar os indígenas de sua comunidade para um hospital em Santarém seria um choque cultural muito grande, além da exposição a doenças para as quais seu organismo não tem defesa", afirmou. Por isso, a equipe transportou todo o material necessário, incluindo um carrinho de anestesia, para realizar os procedimentos no local.
Atendimentos no Hospital Municipal de Belterra
Enquanto isso, o restante da equipe de voluntários se instalou no Hospital Municipal de Belterra. Lá, estão sendo realizadas diversas intervenções cirúrgicas e consultas. O escopo de atendimentos inclui:
- Cirurgias de vesícula
- Correção de hérnias
- Procedimentos ginecológicos
- Cirurgias oftalmológicas
- Exames de imagem
- Consultas em várias especialidades médicas
Esta parte da equipe tem previsão de retorno a São Paulo nos dias 6 e 7 de dezembro.
Crescimento exponencial e impacto social
A expedição marca o encerramento de um ano de grande crescimento para a ONG Zoé. A instituição, que atende comunidades ribeirinhas e indígenas em regiões como Belterra, Aveiro, Oeste de Santarém e Óbidos, celebra uma expansão significativa em seu alcance.
De janeiro a novembro de 2025, a organização já havia realizado 7.861 atendimentos. Com os 1.500 atendimentos previstos para esta expedição em Belterra e na comunidade Zo'é, a ONG praticamente dobra o número de atendimentos de 2025 em comparação com 2024.
A comunidade Zo'é, que vive em uma área de densa floresta entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, no norte do Pará, é de contato recente com a sociedade não indígena e inspirou o nome da organização. Só neste ano, esta foi a terceira expedição da Zoé à aldeia. Em setembro, a ONG já havia atuado em Belterra com foco na prevenção ao câncer gástrico.