Projetos sociais em Rio Preto afastam 1.000 jovens do crime em 20 anos
Projetos sociais afastam jovens da criminalidade em SP

Em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, projetos sociais têm se mostrado eficazes no combate à criminalidade entre crianças e adolescentes. As iniciativas oferecem atividades culturais, esportivas e educativas que apresentam novos caminhos longe da violência.

Arte que transforma vidas

No bairro Estoril, o Projeto Aquarela reúne 120 crianças e jovens entre 6 e 18 anos no contraturno escolar. A dança é uma das atividades mais populares, com 50 participantes frequentando aulas semanais.

"Na profissão que eu quero mesmo é a dança e pra mim o projeto é maravilhoso. Você pode aprender música, dança e muitas coisas legais", conta Lara Luiza de Sousa, de 12 anos, com entusiasmo.

A professora Carolina Oliveira Fagundes, conhecida como Carol Koff, viveu na pele essa experiência transformadora. Aos 7 anos, ela participou de um projeto similar e hoje testemunha o poder da arte na vida de seus alunos.

"Eu pude entender o poder de transformação que a arte, a cultura e a dança têm na vida de crianças como essa. É incrível poder vir desse lugar e proporcionar isso pra eles hoje", emociona-se a educadora.

História de sucesso que completa duas décadas

O Projeto Aquarela nasceu em 2005, idealizado por Manoel Neves Filho, presidente de um serviço social de Rio Preto. Observando crianças em situação de vulnerabilidade na praça, ele decidiu criar uma alternativa através do esporte, lazer e cultura.

"Desde que o projeto começou, há 20 anos, mais de mil alunos foram atendidos. A ideia é resgatar a cidadania e mostrar um mundo diferente para crianças em situação de vulnerabilidade", explica o fundador.

Os resultados são visíveis nas famílias. Priscila Romero Camargo Amorim acompanha a transformação da filha de 14 anos, que participa do projeto há três anos.

"A Bia se desenvolveu em tudo. Até tocar violão, que eu sempre achei difícil. Hoje, nas apresentações, todos eles tocam e dançam", relata a dona de casa.

Educação como escudo protetor

As crianças não escondem o entusiasmo pelas atividades. "É mais gostoso ficar no projeto, porque é muito legal e ensina a gente a aprender a ler", compartilha Artur da Silva, de 8 anos.

Maria Alice Costa, de 9 anos, já faz planos ambiciosos: "Quero ser pedagoga, porque acho muito legal ser professora e dar aulas. Os professores do projeto me inspiram".

O juiz da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarini, reforça a importância dessas iniciativas. Projetos sociais ajudam a manter adolescentes longe da criminalidade ao estimular educação, convivência e bom comportamento.

"Esses projetos trazem valores positivos, como afeto, compaixão, tolerância e paciência. São fundamentais na formação das crianças e adolescentes", afirma o magistrado.

Multiplicando oportunidades

Outro exemplo de sucesso é o Projeto Anjo da Guarda, também em Rio Preto. Lá, 176 crianças de 6 a 11 anos aprendem matemática de forma lúdica, plantam sementes e quebram preconceitos através da arte.

Ana Julia dos Santos, de apenas 6 anos, demonstra maturidade ao refletir: "Acho que para ser alguma coisa na vida, a gente tem que estudar muito. Se eu estivesse na rua, não ia aprender nada e não teria um futuro bom".

As iniciativas comprovam que, quando oferecidas alternativas concretas, crianças e adolescentes encontram na educação, cultura e esporte os instrumentos para construir um futuro promissor, longe das estatísticas da criminalidade.