O Papa Leão XIV realizou neste sábado, 29 de novembro de 2025, uma visita histórica à Mesquita Azul em Istambul, marcando sua primeira viagem internacional como líder da Igreja Católica. O pontífice, que é o primeiro norte-americano a comandar o Vaticano, seguiu rigorosamente as tradições locais ao tirar os sapatos antes de adentrar o templo islâmico.
Visita emblemática e protocolos respeitados
Durante aproximadamente 20 minutos, o Papa caminhou de meias brancas pelo interior da mesquita, admirando os mais de 21 mil azulejos que tornam o local famoso mundialmente. Construída em 1617 durante o reinado do Sultão Ahmed I, a Mesquita Azul recebeu Leão XIV com todas as honras protocolares.
O líder católico foi recebido por autoridades turcas, incluindo Mehmet Nuri Ersoy, ministro da Cultura e Turismo da Turquia, além do mufti de Istambul, Emrullah Tuncel, e do imã do templo, Kurra Hafiz Fatih Kaya. Coube ao muezim Askin Musa Tunca guiar o Papa durante todo o percurso pela mesquita.
Equívoco do Vaticano e posição do Papa
Um fato curioso marcou a visita: inicialmente, a Santa Sé havia informado que Leão XIV realizara uma oração no local, mas horas depois precisou retificar a informação, admitindo um equívoco na comunicação. De acordo com relatos do muezim Tunca à Reuters, ele chegou a perguntar ao Papa se gostaria de fazer uma breve oração, mas Leão XIV preferiu apenas visitar o espaço.
O comunicado oficial do Vaticano descreveu que a ida ao templo muçulmano ocorreu "em silêncio, em espírito de recolhimento e escuta atenta", reforçando o caráter de observação e respeito mútuo que caracterizou o encontro.
Contexto histórico da visita
Com esta visita, Leão XIV torna-se o terceiro papa a entrar na Mesquita Azul, seguindo os passos de Francisco em 2014 e Bento XVI em 2006. Antes desses pontífices, apenas João Paulo II havia visitado uma mesquita - em Damasco, no ano de 2001.
A viagem do Papa à Turquia, que começou na quinta-feira, 27 de novembro, e terá duração de quatro dias, tem como principal objetivo participar das celebrações pelos 1.700 anos do Concílio de Niceia. O evento reúne líderes cristãos do Oriente Médio em um momento significativo para o diálogo inter-religioso.
Apelo pela paz e união
Na véspera da visita à mesquita, durante evento em Iznik, o Papa fez um discurso contundente pedindo mais união entre as igrejas e condenando veementemente a violência cometida em nome da religião. Ele classificou como "escândalo" o fato de 2,6 bilhões de cristãos em todo o mundo permanecerem tão divididos.
"Devemos rejeitar veementemente o uso da religião para justificar guerra, violência ou qualquer forma de fundamentalismo ou fanatismo", declarou Leão XIV perante centenas de fiéis reunidos às margens do Lago Iznik.
O pontífice enfatizou que "os caminhos a seguir são os de encontro fraternal, diálogo e cooperação", reforçando seu compromisso com a reconciliação entre diferentes credos. Esta foi a primeira vez que Leão XIV discursou fora da Itália desde que assumiu o papado.
Após a passagem pela Turquia, o Papa segue viagem para o Líbano, continuando sua missão de promover o diálogo inter-religioso e a paz entre as nações.