Papa Leão XIV no Líbano pede união religiosa e critica 'conflitos cruéis'
Papa Leão XIV no Líbano faz apelo pela paz entre religiões

Em um apelo emocionante por unidade e reconciliação, o papa Leão XIV realizou nesta segunda-feira, 1º de dezembro de 2025, um encontro histórico com líderes religiosos no Líbano. O pontífice, em sua primeira viagem internacional desde sua eleição em maio, pediu que cristãos, muçulmanos sunitas, muçulmanos xiitas e drusos mostrem ao mundo como é possível "viver juntas e construir um país unido pelo respeito e pelo diálogo".

Roteiro pela paz em meio às cicatrizes da guerra

A visita ao Líbano é a segunda etapa de uma jornada que começou na Turquia. Em Beirute, Leão XIV exortou as autoridades espirituais a perseverarem nos esforços de paz, destacando os efeitos catastróficos da guerra entre Israel e a milícia libanesa Hezbollah em outubro de 2024, além dos contínuos ataques israelenses ao país. O cenário é de um Líbano que tenta se reerguer de uma profunda crise econômica iniciada em 2019, agravada pelo conflito.

Segundo dados do Banco Mundial, a destruição física já soma US$ 3,4 bilhões, enquanto as perdas econômicas são estimadas em mais US$ 5,1 bilhões. Juntas, essas cifras representam cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A nação também abriga aproximadamente 1 milhão de refugiados sírios e palestinos, aumentando a complexidade da crise humanitária.

Encontros simbólicos e apelos comoventes

O papa visitou locais carregados de significado. Na Praça dos Mártires, em Beirute, instou os líderes a atuarem como "construtores da paz". O evento contou com discursos de representantes das comunidades alauíta e drusa, afetadas pela violência na Síria. Mohammed Saleh pediu, de forma humilde, que o pontífice se lembrasse "em suas orações da comunidade alauíta no Oriente Médio".

Em outro momento tocante, no santuário de Harissa, Leão XIV ouviu o depoimento de Loren Capobres, uma imigrante filipina que vive no Líbano há 17 anos e compartilhou sua experiência durante a guerra. Em resposta, o papa afirmou que histórias como a dela reforçam a necessidade de "tomar uma posição para garantir que ninguém mais tenha que fugir de seu país devido a conflitos cruéis e sem sentido".

Uma viagem com raízes no pontificado anterior

Esta jornada foi originalmente planejada pelo papa Francisco, mas não pôde ser realizada devido aos seus problemas de saúde. O objetivo central permanece: destacar a importância da união, do respeito e do diálogo inter-religioso. Acredita-se que Leão XIV, visto como mais comedido que seu antecessor e capaz de dialogar com alas conservadoras e progressistas da Igreja, foi escolhido para dar continuidade a essa missão de conciliação.

O Líbano, embora de maioria muçulmana, tem cerca de um terço de sua população cristã, sendo o país com a maior comunidade cristã do Oriente Médio. Cerca de 15 mil jovens se reuniram para um evento com o papa em frente à sede da Ordem Católica Maronita, demonstrando a expectativa em torno de sua visita.

Último dia focado em cura e memória

No encerramento da viagem, Leão XIV comandará uma missa na orla de Beirute, no local da explosão portuária de 2020. A cerimônia será em memória das mais de 200 pessoas mortas e outras 7.000 feridas na tragédia. A agenda também inclui uma visita a um hospital psiquiátrico administrado pela Igreja Católica no país, fechando uma viagem marcada por apelos à paz, gestos de unidade e um olhar atento ao sofrimento da população.