O papa Leão XIV presidiu sua primeira Missa do Dia de Natal como líder da Igreja Católica nesta quinta-feira, 25 de dezembro de 2025, em uma cerimônia que marcou o retorno de uma tradição interrompida há mais de três décadas. Na homilia, o pontífice fez um forte apelo pela paz, condenou as feridas abertas pelos conflitos no mundo e expressou profunda preocupação com a população da Faixa de Gaza.
Retorno a uma tradição histórica
A celebração na Basílica de São Pedro, no Vaticano, foi um marco. Esta foi a primeira vez desde 1994, ainda no pontificado de João Paulo II, que um papa celebra pessoalmente a missa da manhã de 25 de dezembro. Nos anos seguintes, essa função era tradicionalmente confiada a um cardeal da Cúria Romana. A decisão de Leão XIV de retomar a prática pessoalmente foi vista como um sinal de engajamento direto.
Durante a homilia, o sucessor do "amado papa Francisco", falecido em 21 de abril de 2025, dirigiu-se aos fiéis com uma mensagem centrada na fragilidade humana em tempos de conflito. Ele destacou o sofrimento das populações civis e dos jovens recrutados para a guerra.
Um apelo pela paz e um lamento por Gaza
As palavras do pontífice americano foram diretas ao abordar crises humanitárias. Ele mencionou especificamente as "tendas de Gaza, expostas durante semanas à chuva, ao vento e ao frio", usando a imagem para ilustrar a vulnerabilidade dos deslocados. A referência foi um claro lamento pela situação na região, ampliando depois a reflexão para todos os refugiados e desabrigados do mundo.
Leão XIV criticou a lógica belicista, afirmando que "frágeis são as mentes e as vidas de jovens obrigados a pegar em armas, que percebem na frente de batalha a insensatez do que lhes é exigido". Ele alertou sobre a "mentira" por trás dos discursos inflamados que enviam pessoas para a morte.
A mensagem central: tocar a carne sofredora
O cerne da homilia foi um chamado à empatia e à ação concreta. Citando seu predecessor, Francisco, Leão XIV ressaltou: "Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros".
Para o papa, a paz só será possível "quando os nossos monólogos se interromperem e, fecundados pela escuta, cairmos de joelhos diante da carne despojada do outro". Ele defendeu que a missão da Igreja não é servir a uma "palavra prepotente", mas a uma "presença que suscita o bem".
Ao final da celebração, em um gesto espontâneo que surpreendeu os presentes, Leão XIV deu uma volta de papamóvel pela Praça São Pedro sob a chuva, cumprimentando os fiéis que acompanhavam a cerimônia pelos telões instalados no local. O ato simbolizou o desejo de proximidade que permeou todo o seu discurso natalino.