O Papa Leão XIV, entronizado em maio de 2025, decidiu romper com a discrição que marcou seus primeiros meses de pontificado e embarcou em sua primeira jornada internacional. Na quinta-feira, 27 de novembro, o pontífice americano iniciou um périplo que surpreendeu analistas e fiéis pela escolha dos destinos.
Rota da unidade cristã
Contrariando expectativas de que visitaria os Estados Unidos, seu país natal, ou o Peru, onde teve sua formação litúrgica, Leão XIV optou por uma rota carregada de simbolismo histórico e religioso. Turquia e Líbano foram os países escolhidos para esta primeira viagem apostólica.
Na Turquia, o Papa participará das comemorações dos 1.700 anos do Concílio de Niceia, um marco fundamental para a história do cristianismo. Durante sua estadia, ele será recebido por autoridades políticas e religiosas e rezará com o patriarca ecumênico Bartolomeu.
O momento mais significativo desta etapa será a assinatura de uma declaração conjunta como gesto de unidade entre católicos e ortodoxos, reforçando o diálogo ecumênico que tem caracterizado seu pontificado.
Missão humanitária no Líbano
No Líbano, a agenda do Papa Leão XIV terá um caráter mais pastoral e humanitário. Ele buscará apoiar cristãos e outras comunidades afetadas pela grave crise econômica e social que assola o país.
Um dos momentos mais emocionantes da visita será a oração no local da explosão do porto de Beirute em 2020, tragédia que marcou profundamente a nação libanesa e causou centenas de mortes.
Durante toda a viagem, o pontífice demonstrará seu multilinguismo: falará em inglês na Turquia e em inglês e francês no Líbano, mostrando sensibilidade cultural com cada nação visitada.
Significado histórico dos destinos
A escolha pela Turquia e Líbano não foi aleatória. A região visitada representa o berço e centro original do cristianismo, carregando profundo significado histórico e religioso.
Istambul, anteriormente conhecida como Constantinopla, foi a capital dos impérios romano e bizantino por mais de mil anos e permanece no coração de uma fenda religiosa centenária entre cristãos ocidentais e orientais.
A decisão do americano Robert Francis Prevost – nome de batismo de Leão XIV – demonstra um interesse genuíno em construir pontes entre diferentes tradições cristãs e apoiar comunidades em situação de vulnerabilidade.
Esta viagem coloca Leão XIV na esteira de seus predecessores, particularmente João Paulo II, que revolucionou o papado com 129 viagens apostólicas, estabelecendo um recorde absoluto. Embora Bento XVI e Francisco tenham viajado menos, ambos mantiveram a prática de pregar longe de Roma.
Com este primeiro périplo internacional, Leão XIV começa a escrever seu próprio capítulo na história do papado moderno, enfatizando o diálogo ecumênico e a solidariedade com os que sofrem.
