O Papa Leão XIV fez um forte apelo contra as desigualdades econômicas e os valores materialistas da sociedade contemporânea durante a Audiência Geral realizada nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025. O pontífice, cujo nome de batismo é Robert Prevost, condenou o que chamou de "idolatria" ao dinheiro e o excesso de atividades que caracterizam a vida moderna, apontando seus custos humanos e ambientais.
Críticas à economia que "custa sangue"
Em seu discurso, Leão XIV foi direto ao ponto. Ele afirmou que a busca desenfreada por lucro e a financeirização da vida têm um preço altíssimo. "É no coração que se guarda o verdadeiro tesouro, não nos cofres da terra", declarou, contrastando valores espirituais com a acumulação material. O Papa criticou especificamente as "grandes finanças, hoje mais do que nunca enlouquecidas e injustamente concentradas".
Segundo suas palavras, essa dinâmica econômica é idolatrada ao custo sangrento de milhões de vidas humanas e à devastação da criação de Deus. A fala reforça o posicionamento da Igreja Católica sobre questões sociais e ambientais, ligando a degradação do planeta a um sistema econômico predatório.
O vazio da vida acelerada
Além da crítica econômica, Leão XIV abordou o mal-estar existencial da sociedade atual. Ele observou que "as inúmeras atividades" cotidianas "não têm trazido satisfação", gerando, em vez disso, cansaço, insatisfação e um profundo sentimento de vazio. O pontífice alertou para o risco de dispersão e até de desespero que surge no meio dos compromissos diários, "mesmo em pessoas aparentemente bem-sucedidas".
A explicação para esse fenômeno, segundo o Papa, está na natureza humana: "não somos máquinas, mas temos um coração". Ele argumenta que a tentativa de preencher a vida com produtividade e bens materiais é fadada ao fracasso, pois ignora a dimensão espiritual e relacional do ser humano.
O verdadeiro tesouro está no amor
Para Leão XIV, a solução para o vazio e para a injustiça social passa por uma mudança radical de prioridades. "O destino autêntico do coração não consiste em possuir bens materiais, mas em alcançar aquilo que pode preenchê-lo por completo, ou seja, o amor de Deus", ensinou. No entanto, essa conexão espiritual se concretiza na relação com o próximo.
O pontífice foi enfático ao dizer que só é possível encontrar esse tesouro interior "ao amarmos o próximo que encontramos pelo caminho". Dessa forma, ele vincula a realização pessoal à prática da caridade e à construção de uma sociedade mais justa e fraterna, oposta ao individualismo e à ganância que criticou.
As declarações foram dadas durante o tradicional encontro semanal com fiéis e peregrinos, continuando uma linha de pensamento que o Papa tem desenvolvido em seus pronunciamentos, focada na defesa dos pobres e no cuidado com a Casa Comum.