A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez uma nomeação que sinaliza um passo significativo no diálogo da Igreja Católica com a comunidade LGBTQIA+. O bispo de Jundiaí, Dom Arnaldo Cavalheiro Neto, foi oficialmente designado para representar a entidade no acompanhamento pastoral desses grupos. O mandato se estenderá até o ano de 2028.
Um representante com discurso progressista
A escolha de Dom Arnaldo não foi aleatória. Segundo as informações, ele foi selecionado justamente por seus posicionamentos considerados progressistas dentro do contexto eclesiástico. Agora, ele se torna uma referência oficial para os fiéis católicos que integram a comunidade LGBTQIA+, um grupo que historicamente buscou maior acolhimento e entendimento por parte da instituição religiosa.
Em declarações recentes, o bispo deixou clara sua posição contrária a práticas amplamente criticadas, como a chamada "cura gay". Dom Arnaldo foi enfático ao afirmar que essa prática é "lamentável e deve ser abolida". Ele fundamentou sua crítica na ciência, lembrando que a tentativa de reorientação sexual já foi refutada por estudos e é proibida no território brasileiro.
Identidade não é escolha, diz bispo
Em sua abordagem, Dom Arnaldo Cavalheiro Neto defende que a orientação sexual e a identidade de gênero devem ser compreendidas como realidades intrínsecas das pessoas, e não como meras escolhas individuais. Essa perspectiva busca afastar estigmas e promover uma visão mais inclusiva dentro do âmbito pastoral.
Para embasar seu discurso de acolhimento, o bispo recorreu às palavras do próprio Papa Francisco. Em entrevista à Folha de São Paulo, ele citou a resposta do pontífice quando questionado sobre a mensagem mais importante para pessoas LGBT: "Deus é Pai e não renega nenhum dos seus filhos. E o estilo de Deus é proximidade, misericórdia e ternura. Ao longo deste caminho, vocês encontrarão Deus". Dom Arnaldo completou a citação reforçando que, nesse caminho de encontro, não há pecado.
Um marco no diálogo entre fé e diversidade
A nomeação, efetivada em 4 de dezembro de 2025, é vista por muitos observadores como um marco importante. Ela oficializa um canal de diálogo e acompanhamento específico dentro da estrutura da CNBB, a principal entidade do catolicismo no Brasil.
A decisão reflete um movimento gradual de setores da Igreja que buscam conciliar os dogmas da fé com uma postura de escuta e misericórdia frente às experiências de vida da comunidade LGBTQIA+. A figura de Dom Arnaldo Cavalheiro Neto à frente dessa pastoral promete fomentar debates e ações baseadas no acolhimento, distanciando-se publicamente de terapias de conversão e discursos de exclusão.
