A ministra da Cultura, Margareth Menezes, usou uma entrevista à revista VEJA para se posicionar sobre uma recente polêmica envolvendo a cantora Claudia Leitte. O caso, que gerou acusações de desrespeito e intolerância religiosa, chegou a ser levado ao Ministério Público.
O cerne da polêmica: Iemanjá substituída por Yeshua
O episódio que motivou a fala da ministra ocorreu quando Claudia Leitte alterou a letra de suas músicas, trocando a menção à orixá Iemanjá por Yeshua, nome considerado por alguns grupos religiosos como o original de Jesus. A mudança foi interpretada por segmentos do movimento negro e de religiões de matriz africana como uma afronta às suas crenças e símbolos sagrados.
Para Margareth Menezes, a situação não é um caso isolado. Em sua avaliação, ela reflete um problema estrutural no país. “Precisamos de educação racial no Brasil. Esse episódio é mais um de desrespeito às matrizes africanas”, afirmou a ministra na entrevista publicada na seção Páginas Amarelas da edição desta semana de VEJA, datada de 15 de dezembro de 2025.
Um posicionamento firme contra a intolerância
A ministra foi enfática ao conectar o caso a um cenário mais amplo de hostilidade. Ela destacou que símbolos de religiões como o candomblé e a umbanda são alvos constantes. “A intolerância religiosa precisa ser tratada com a dimensão que ela tem. As simbologias de religiões como candomblé e umbanda são frequentemente alvo de ataques danosos”, declarou Margareth Menezes.
Sua fala reforça a defesa intransigente da liberdade de crença, um pilar democrático. “Em um país democrático, deve-se respeitar o direito de crença e expressão”, completou a ministra, equilibrando a crítica ao ato específico com a defesa do princípio constitucional.
Repercussões e o caminho apontado pela ministra
A polêmica extrapolou as redes sociais e ganhou contornos jurídicos, com a abertura de investigações no Ministério Público. Isso demonstra a sensibilidade do tema e como ações no campo artístico podem ter desdobramentos legais quando confrontadas com acusações de desrespeito cultural e religioso.
O posicionamento público de Margareth Menezes, uma artista de grande trajetória e agora à frente da pasta da Cultura, sinaliza a prioridade que o governo pretende dar ao tema. A ênfase na educação racial como solução de base aponta para uma visão de que o combate à intolerância passa pela informação, pelo reconhecimento da história e pela valorização da diversidade que forma a identidade brasileira.
A entrevista completa com a ministra, onde ela aborda outros assuntos além desta controvérsia, está disponível na edição atual da revista VEJA.