
Imagine encontrar um violão abandonado no lixo, empoeirado e com cordas enferrujadas, e ver nele não um objeto descartável, mas um portal para outro mundo. Foi exatamente isso que aconteceu com um jovem de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, cuja vida mudou de rumo de maneira tão inesperada quanto poética.
O instrumento, que muitos considerariam lixo, tornou-se sua primeira ferramenta musical — e o ponto de partida para uma jornada artística que, anos depois, alcançaria mais de 70 países. Sim, você leu certo: setenta.
Não era só um violão. Era uma semente
O que começou com acordes hesitantes em um violão resgatado se transformou em uma paixão avassaladora pelo canto lírico. Aos poucos, o tenor foi desenvolvendo uma voz capaz de fundir a força da ópera com a melodia pop — um estilo que ele mesmo batizou de "popera".
E não pense que foi um caminho fácil. Longe dos holofotes e dos grandes centros, ele construiu sua carreira com uma determinação que beira a teimosia — aquela teimosia bonita, que move montanhas e, no caso dele, conquista plateias pelo mundo.
O mundo ouve um tenor do interior
De apresentações locais para festivais internacionais, sua trajetória é daquelas que restauram a fé no talento humano. Sua voz, agora, ecoa de Portugal ao Japão, dos Estados Unidos à Austrália. E o mais incrível? Ele nem precisou abandonar suas raízes para isso.
O artista mantém um pé firme em sua terra natal, usando as redes sociais não como vaidade, mas como ponte — uma maneira genuína de conectar experiências e emocionar pessoas que jamais imaginariam ouvir árias em seu feed.
O sonho que ainda pulsa forte
Entre tantas conquistas, um desejo particularmente especial permanece: dividir o palco com ninguém menos que Andrea Bocelli. Não por fama ou status, mas pela identificação artística e pela emoção que a voz do italiano lhe provoca.
"Minha maneira de cantar", ele explica, "é sobre sentir, não sobre técnica perfeita". E talvez seja justamente essa autenticidade — crua, sem filtros — que ressoe tão profundamente em quem o ouve.
Uma prova viva de que, às vezes, os maiores tesouros não estão em teatros luxuosos, mas esperando para serem encontrados onde menos se espera. Até mesmo na beira de uma rua, esquecidos por alguém, mas destinados a mudar tudo.