A cantora americana Sabrina Carpenter entrou em rota de colisão com o governo do presidente Donald Trump nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025. O motivo foi a utilização de uma de suas canções em um vídeo oficial de propaganda anti-imigração, gerando revolta nas redes sociais e uma resposta contundente da artista.
Música "Juno" viral vira trilha para cenas de imigrantes algemados
O conflito começou com uma publicação feita pelo perfil oficial da Casa Branca nas redes sociais. O material em questão utilizava a música "Juno", um dos grandes sucessos de Carpenter, como trilha sonora para um vídeo que mostra agentes do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário dos Estados Unidos (ICE) perseguindo e algemando imigrantes.
A escolha da faixa foi considerada especialmente cínica e provocativa. Isso porque "Juno" ficou famosa durante a turnê "Short and Sweet" da artista por marcar um momento de descontração e interação com o público. Nos shows, Sabrina Carpenter costuma "prender" simbolicamente alguém da plateia, geralmente uma celebridade, e jogar um par de algemas com plumas cor-de-rosa para a pessoa, em uma brincadeira que descreve por ser "sexy demais".
Letras da música como "Vamos tentar algumas posições ousadas. Você já tentou essa aqui?", que fazem referência a posições sexuais, foram sobrepostas a cenas de imigrantes sendo imobilizados por autoridades. A justaposição entre o tom lúdico e descontraído da canção e as imagens de violência e repressão causou grande comoção entre os fãs e o público em geral.
Resposta firme da artista: "Cruel e repugnante"
Sabrina Carpenter não demorou a se manifestar. Através de sua conta no X (antigo Twitter), a estrela do pop respondeu diretamente à publicação da Casa Branca, deixando claro seu repúdio e posicionamento político contrário ao do governo.
"Este vídeo é cruel e repugnante. Nunca usem a mim ou a minha música para beneficiar a sua agenda desumana", escreveu Carpenter, em um post que rapidamente viralizou. A mensagem, em inglês, foi acompanhada pela hashtag #NotMyMusic (Não é a minha música, em tradução livre), adotada por outros artistas em situações similares.
A reação da cantora foi imediatamente apoiada por milhares de fãs e por figuras públicas que criticam as políticas de imigração da administração Trump. O episódio escancarou mais uma vez o uso de conteúdos culturais populares por parte de governos para embalar narrativas políticas, muitas vezes contra a vontade dos próprios criadores.
Protestos de artistas não são casos isolados na era Trump
O ocorrido com Sabrina Carpenter está longe de ser um incidente único. Nos últimos meses, outras grandes estrelas da música pop também se viram no meio de polêmicas semelhantes com o governo americano.
Em novembro de 2025, a cantora Olivia Rodrigo protestou veementemente contra o uso de sua música "all-american bitch" em uma publicação oficial do governo Trump. "Nunca use minhas músicas para promover sua propaganda odiosa e racista", declarou Rodrigo na época, em um tom igualmente firme.
Também no mês passado, a administração Trump utilizou a canção "The Fate of Ophelia", da megastar Taylor Swift, em outro conteúdo oficial. A ação foi particularmente irônica, considerando que o próprio presidente já declarou publicamente "odiar" a cantora e seu trabalho em diversas ocasiões.
Essa série de eventos levanta questões importantes sobre direitos autorais, uso de imagem e a apropriação de obras artísticas para fins políticos não autorizados. Especialistas em direito do entretenimento apontam que, embora o governo possa ter licenças amplas para o uso de músicas em certos contextos, a ação ética e moral de vincular um artista a uma causa com a qual ele discorda publicamente permanece altamente questionável.
A polêmica envolvendo Sabrina Carpenter, Trump e a música "Juno" ilustra o tenso diálogo entre cultura e política no cenário atual, onde as redes sociais amplificam tanto a divulgação de conteúdo oficial quanto a resposta imediata e global dos artistas afetados.