Gaby Amarantos revela orgulho brega e investimento em 'Rock Doido O Filme'
Gaby Amarantos fala sobre Rock Doido e orgulho brega

A cantora Gaby Amarantos concedeu uma entrevista especial ao g1 Ouviu, o podcast e videocast de música do g1, nesta quarta-feira (26), onde falou sobre vida, carreira e o aclamado álbum "Rock Doido", que mergulha no ambiente das festas de aparelhagem em Belém, no Pará.

Orgulho das origens e pioneirismo

Com mais de uma década de carreira, Gaby não esconde seu orgulho pelas raízes bregas. "Tenho orgulho de ser brega. Sou filha de Reginaldo Rossi com Beyoncé", brincou durante a conversa. A artista também destacou seu papel pioneiro na música pop atual: "Todo mundo que a gente considera pop hoje, veio depois de Gaby. Anitta, Pabllo... Sinto que capinei uma estrada, pavimentei, voltei pro começo. E agora estou conseguindo desfilar nessa estrada".

A cantora confessou surpresa com a reação do público em seus shows após quase 30 anos de carreira: "Caramba, está acontecendo isso? As pessoas estão cantando tudo. Acho que agora a gente conseguiu".

Rock Doido: mais que música, um sentimento

Gaby falou com entusiasmo sobre "Rock Doido", álbum que está entre os mais elogiados de 2025. "Não tem explicação. Rock doido é um sentimento, um jeito de se vestir, um jeito de levar a vida. O Rock Doido vem muito de um momento frenético de vida. Nas festas de aparelhagem acontecem várias fases. E o rock doido é o momento da festa onde a loucura começo".

A artista também explicou a decisão de investir em um clipe de 21 minutos, chamado de filme, em plano-sequência: "Veio de um desejo de tentar traduzir o que é o movimento [rock doido]. E despertar o desejo nas pessoas de estar nessa festa".

Sobre o investimento em projetos audiovisuais em uma época onde muitos artistas questionam esse tipo de produção, Gaby foi enfática: "Acho que as pessoas estão saturadas porque ninguém está a fim de assistir a coisa sem alma, básica. Mas se você investe com criatividade... hoje vi que estamos com mais de um milhão de visualizações. Esse investimento, pra mim... entendo a música como um banco. Me traz muito retorno investir. E é muito bom ser independente, porque não tem ninguém me tolhendo. Temos a liberdade de fazer o que a gente quer".

Identidade cultural e reconhecimento nacional

Gaby abordou a relação com o movimento do brega, tecnomelody e a percepção da música paraense no cenário nacional. "O brega agora está sendo compreendido pela indústria. Eu sou brega e tenho muito orgulho. Esse lugar do brega e da coragem me fez entender que as críticas fazem parte, mas que elas nunca vão me definir. Hoje dou risada da cara da crítica que quer destruir".

A artista questionou o rótulo de "música regional" atribuído à produção musical do Pará: "Por que a música do Rio é nacional e a do Pará é regional?". Ela também comentou sobre o crescimento do tecnobrega e o impacto da COP na valorização da cultura amazônica: "Até mesmo a COP, foi a maior política pública que aconteceu em relação à cultura, ao turismo. As pessoas querem o rock doido aqui, a festa de aparelhagem. Finalmente a gente está tendo essa troca. É como se antes a gente só tivesse um corpo e olhasse só da cabeça para baixo, não olhasse para cima, para o coração do Brasil, a Amazônia".

Gaby ainda citou o interesse de artistas internacionais como Chris Martin, do Coldplay, pela cultura brasileira, mas alertou para uma visão colonizadora: "A galera via o Brasil como um lugar distante. Vou lá pegar um sample e ninguém vai reclamar. Uma visão meio colonizadora", afirmou ao falar sobre o sample de "Seville", de Luiz Bonfá, em seu projeto, e relembrar o momento em que Gotye usou trechos da música em violão para "Somebody That I Used To Know".

A entrevista completa com Gaby Amarantos está disponível em vídeo e podcast no g1, no YouTube, no TikTok e nas plataformas de áudio.