
Você já parou pra pensar no que faz um jornalista levantar da cama todos os dias? No caso do Rafael Ferraz, a resposta é mais profunda do que parece. Não é só sobre deadlines ou furos jornalísticos — é sobre impacto. Aquele tipo de coisa que fica ecoando na cabeça do leitor muito depois que a notícia foi lida.
"Tem dias que são um parto", ele admite, rindo. "Mas quando você vê que uma matéria sua mudou algo — mesmo que seja mínimo —, aí sabe que valeu a pena." E não é exagero. Rafael já cobriu desde tragédias que chocaram o país até histórias de superação que parecem saídas de roteiro de cinema. E em cada uma delas, leva um pedacinho seu.
O Peso (e a Beleza) das Palavras
Numa época em que todo mundo tem um palpite — e um smartphone —, ser jornalista virou quase um ato de resistência. "Tem que filtrar o ruído", diz Rafael, enquanto mexe no café já frio. "O desafio é transformar a enxurrada de informações em algo que faça sentido para quem tá do outro lado."
E como ele faz isso? Com uma mistura de:
- Paciência de monge — pra ouvir até o que não é dito
- Pele grossa — porque nem todo feedback é um elogio
- Um pé atrás saudável — afinal, até fonte confiável tem dia ruim
Não à toa, uma das reportagens que mais marcou sua carreira foi justamente aquela que quase não saiu. "Fiquei três semanas batendo cabeça até conseguir a entrevista que faltava", lembra. "No final, a pessoa chorou ao ver sua história contada com respeito."
O Jogo das Expectativas
Se você acha que redação é aquela baderna criativa que mostram nos filmes, Rafael dá uma risada gostosa. "Às vezes é mais parecido com um plantão médico — você nunca sabe o que vai chegar." Entre uma ligação e outra, ele conta que o segredo está em equilibrar:
- A urgência do furo jornalístico
- A precisão de quem sabe que erros têm consequências
- A humanidade de quem lida com histórias reais
E quando perguntamos sobre burnout — porque vamos combinar, ninguém aguenta ser herói 24/7 —, ele surpreende: "Ah, mas tem também aquela mensagem de um leitor que você nunca viu na vida dizendo que sua matéria fez diferença. Isso aqui é vício, não profissão."
No fim das contas, Rafael Ferraz carrega nas costas aquilo que muitos jornalistas sentem mas poucos articulam: a crença de que palavras bem colocadas podem, sim, mudar pedaços do mundo. Nem que seja um pedacinho de cada vez.