A moda recente do vinho laranja pode fazer pensar que se trata de uma novidade, mas a verdade é bem diferente. Esta bebida especial tem origens que remontam a 8.000 anos atrás, na região do Cáucaso, na Geórgia. Quem lidera sua redescoberta mundial são os italianos, mais especificamente os produtores de Oslávia, uma área próxima à fronteira com a Croácia.
A tradição milenar do vinho laranja
Em um almoço recente na Vinheria Percussi, em São Paulo, o colunista AL VINO conversou com Nicola Primosic, representante da quinta geração de uma família dedicada ao vinho naquela região. A vinícola Primosic se tornou referência mundial no vinho laranja, tendo como carro-chefe justamente este estilo de bebida.
Nicola explicou que existe uma tradição muito antiga de macerar a uva Ribolla Gialla, processo que dá ao vinho sua cor âmbar característica e maior corpo. "Em 1997, retomamos esse estilo que produz vinhos com a elegância do branco e a potência dos tintos", contou o produtor.
O Japão é atualmente o principal mercado para os vinhos laranja da Primosic, mas o Brasil começa a descobrir essas preciosidades.
Os destaques da degustação
Durante o evento na Vinheria Percussi, Nicola apresentou vários rótulos, incluindo um Chardonnay que recebeu o título de Melhor Branco da Itália em 2024 pelo guia Gambero Rosso, e um Pinot Grigio Doc 2024 fresco e frutado.
Porém, a estrela do almoço foi o Bianco Klin Collio DOC 2020, um field blend produzido a partir de uvas Tokai Friulano, Ribolla Giallo, Chardonnay e Sauvignon Blanc colhidas juntas, mesmo em diferentes estágios de maturação.
"Enquanto a Ribolla Gialla ainda está verde, a Chardonnay está bastante madura. Quando vinificadas juntas, elas entram em equilíbrio e nenhuma se sobrepõe à outra", explicou Nicola sobre esta tradição de mais de 400 anos.
Oportunidade para brasileiros
A boa notícia para os amantes de vinho no Brasil é que toda a família de vinhos Primosic deve chegar a São Paulo no final de janeiro, com 20% de desconto para quem comprar diretamente na Vinheria Percussi.
O proprietário Lamberto Percussi, responsável por cartas de vinhos que receberam selos de aprovação na Wine Spectator e no Guia Michelin, criou um sistema de negócios que beneficia o consumidor final. Duas vezes por ano, ele disponibiliza uma lista com entre 20 e 30 rótulos italianos.
Os interessados pagam metade do valor na encomenda e, após 60 ou 90 dias, quitam a segunda metade e recebem o lote, que deve ser de no mínimo uma caixa com seis unidades. O valor médio é de R$ 1.000 por caixa.
"Minha intenção é reduzir a estrutura da cadeia comercial e, assim, possibilitar vinhos especiais com valores mais acessíveis ao consumidor final", explicou Lamberto.
Atualmente, o sistema conta com dez produtores cadastrados e sessenta compradores fixos. Lamberto é transparente sobre a composição do preço: 40% fica com o produtor, o restante com o governo, e ele acrescenta 17% pela curadoria e organização.
Dessa forma, o excelente Pinot Grigio laranja da Primosic custará cerca de R$ 500 no sistema de encomendas. A espera de 60 a 90 dias vale a pena por um legítimo exemplar desta antiga tradição vinícola.
